domingo, novembro 30, 2003

Leva 300, paga 1

Cada vez que vejo um filme produzido e realizado no outro lado do Atlântico, mais especificamente made in USA, onde um transeunte vai muito bem a andar por aqueles passeios cinzentos (não conhecem a bela calçada portuguesa) e entre um café em copo de esferovite, o guarda-chuva e a gabardina toda aberta enquanto estica a mão onde segura um donuts para fazer parar um taxi, se depara com aquelas máquinas de jornais (não conhecem os nosso quiosques), imagino como seria se fosse nascido em PT.

E porquê? Porque, embora ao pôr a moeda para tirar o jornal possa tirar quantos lhe dê na gana, o americano tira somente um.

O português, que leva quilos de panfletos enquanto espera na fila do banco, que compra tudo o que está em promoção, que mesmo que não precise, põe no carrinho o protector solar em pleno inverno (e nem todos vão à neve) porque ofereciam uma mangueira para o jardim da casa que ainda não tem, imagino que tirasse uns trezentos. Andaria pelas ruas carregado de jornais, para dar e, nalguns casos, vender. Cada um de nós, teria um ardina dentro de si.

Por um lado, poupamos nas escolioses, por outro, talvez se lessem mais jornais...

sábado, novembro 29, 2003

Repetições

Este fim-de-semana pretendo repetir a dose do anterior. Consta assim o cardápio: uma dose de Ponette - um dos melhores filmes que já vi - seguida de um lanche com petit-fours de uma pastelaria que já é um clássico; refeições completas confeccionadas pela melhor cozinheira do mundo, a minha Mãe; um dvd qualquer, quiçá o I am Sam; ler o final de alguns livros cuja leitura pretendo iniciar; umas "blogadas" valentes nos meus blogs de eleição; uns telefonemas para os amigos que não me vierem visitar e umas sestas. Para desenjoar, a leitura da nova Grande Reportagem, e o jantar de aniversário do meu mano.

Não é falta de imaginação, é falta de locomoção.

A pensar, a pensar II...

O Michael Jackson tem Pai...
O Pai de Michael também usa luvas...
As impressões digitais não são detectáveis se se usarem luvas...
Filho de peixe sabe nadar...
Mas o Pai nada melhor!

Meatrix - O Futuro

Ando preocupada com os Três Porquinhos e com as suas Previsões do Futuro.

Podeis sempre optar pelo "blue pill", mas a verdade só a sabereis ao escolher o "red pill".

Dai notícias.

sexta-feira, novembro 28, 2003

Ressaquita

Como não passo publicidade, aqui fica mais uma sugestão de Natal.

Acompanhei esta ideia desde o início e é com muita alegria que vejo que o preceito do Desblogueador de Conversa acabou por vingar neste maravilhoso produto final.

Com alto valor pedagógico, a Ressaquita pretende agradar todos aqueles que já passaram pelo que ela está a passar. O seu público alvo são todos os seres que, de uma forma ou de outra, por uma razão ou por várias, compreendem o processo. Educa os mais petizes, pois a boneca só funciona com imperiais. Assim, antes de começar a "dar nelas", fica logo mostrado o resultado!

É pena continuar a achar-se que boneca é coisa de menina, pois se assim não fosse, enviava umas remessas para os quartéis da GNR (pedagogicamente agindo, claro está).

Nota: Poder-se-á ver uma belíssima apresentação desta boneca catita no blog supracitado. Preço não especificado.

uh-uh ah-ah

Já ouviram aquela expressão «cada macaco no seu galho»? Pois é, parece que, caso as "tendências" se mantenham, as gerações humanas futuras (nossos descendentes) não terão esta imagem real. Porquê? Simples, sem galho não há símio para ninguém...

Abaixo os rostos cinzentos!

Já reparam na quantidade de rostos cinzentos que se cruzam connosco nas ruas...especialmente de manhã e se por si só a manhã for também cinzenta?
É assustador... Só hoje me dei conta desse triste fado nacional... (talvez por só trabalhar de tarde...parece que a essa hora todos os cinzentos já acordaram). Pois é, é assustadoramente triste... rostos cinzentos a deambular pelas ruas, a custo, muito custo... com um olhar distante e sofredor! Obrigam-se a transportar para o local de trabalho/escola sem vontade, sem querer, sem desejo... Só hoje me apercebi verdadeiramente dos rostos cinzentos, bem escuros, fechados e, incrivelmente, nunca receptíveis a um sorriso... ora experimentem e depois digam qualquer coisa (esta-se mesmo a ver o que me aconteceu!).

Só para vocês...

Permitam-me apenas que vos abrace fortemente cada vez que vos vir....
Um abraço forte, cheio de tudo!
De mim e de vocês...a quem para sempre vou querer abraçar...fortemente!
Estou de regresso! E nem imaginam o bem que sabe....

(Deixar de) Fumar (eventualmente) Mata

Muito se fala sobre os malefí­cios do tabaco. Eu própria, já me abstive do prazer de uma passa por longo perí­odo de tempo, devido a esses tanglomanglos propagandeados.
Quando se deixa de fumar, há malefícios que ninguém fala e que agora vos revelo.

Amoroso

(A Biba Pitta e a Maya, em conversa com a Luisinha Castell-Branco)

Maya - O ser conhecido é bom. Às vezes achava chato as crianças, porque quando passavam por mim tinham a tendência de cantar " O Calimero foi ao lá-lá à Abelha Maia", mas depois habituei-me.

(Nisto, desatam as três a cantar)

Biba - Ah! Mas até é amoroso.
Maya - É, de facto é amoroso e até gosto.

Quis partilhar este momento hilariante que se passou no canal 6 da TV Cabo.
Posto isto, resta-me dizer que fui ao dicionário ver o significado de amoroso, podia ter mudado...
Ide aqui e lede o texto que este senhor escreve, quiçá, sobre estas senhoras.

Notas

Noto que o vento respira,
Transpira
Que a noite não se esconde,
Estás onde?
Que as poças se rasgam a cada brisa,
Avisa...
Noto que as cores se misturam,
Os sons enleiam,
As sombras perduram,
O silêncio amordaça,
Rija carapaça,
Recheio de lua...
Perdida, sou tua.

Freixo de Espada a Cinta

Havia tanto para dizer. Mas fico-me por lhe dedicar um título, agora que já sei como se escreve.

quinta-feira, novembro 27, 2003

Adágio Oriental

Se tem remédio, porque te queixas?
Se não tem remédio, porque te queixas?

Onde estás?

Deixa-me ser o que os teus olhos vêem
Deixa-me ser o que o teu coração sente
Deixa-me ser o que as tuas mãos tocam
Deixa-me ser o que o teu ouvido escuta
Deixa-me ser o que a tua boca beija
Deixa-me ser o que a tua mente pensa
Deixa-me ser o que o teu ser procura
Deixa-me ser e não me deixes

Pino

O Rock in Rio vai ser em Lisboa
A Taça América em Vela é na Europa
O Portugal Fashion desfila em Espanha
A Ferreira Leite governa
A GNR apreende centenas de milhares de litros de álcool
O Pinochet nega ter sido ditador
O Smirnoff Experience está aí­ e eu com um traumatismo torácico

quarta-feira, novembro 26, 2003

Já escolheu?

Sabemos que somos grandes quando a nossa escolha atinge dimensões não desejáveis, ou pelo menos, que estão numa escala bem diferente da indecisão entre em Trinaranjus laranja ou um Sumol do mesmo fruto.

Há uma pressão enorme sobre a escolha. Já não bastava aquela que nós exercemos involuntariamente sobre nós próprios, tinham de vir as outras, todas juntinhas para que o efeito nefasto fosse maior.

É na compra da casa, na mudança de emprego, na escolha da cor do carro, na escolha do namorado, na escolha do restaurante, na escolha do caminho mais rápido, é em tudo. Passamos a vida a escolher e somos obrigados a fazê-lo recorrendo ao botão ultra-fast.

Ficamos sempre com a vontade da tarte de nata, mas no momento em que o empregado nos perguntou, claudicámos e o nosso cérebro enviou mousse de manga cá para fora.« Agora já não dá para voltar atrás... Ou dá? Dá, mas dá mau aspecto, fica mal, o empregado chateia-se. Que venha a tarte, eu até gosto.» Até nos deitarmos, a mousse de manga matuta e até somos capazes de sonhar com um país tropical nessa noite.

Se não houvesse opções, não haveria escolha, nem gostos, nem preferências. A vida era cinza, mas simples. Bem, também não havia necessidade de a pintar assim. Podia ter escolhas, mas menos do que as que tem.

É confuso, demasiada informação para ser processada. As opções deveriam chegar-nos como aqueles cardápios simples, onde não nos perdemos em saber qual 100 dos pratos que adoraríamos degustar nos apetece agora. Ou sim, ou sopas, ou carne ou peixe.

Como não há solução, e como temos de levar com o bombardeamento de hipóteses, ao menos nos restaurantes reformulem a pergunta independentemente de estarmos ou não acompanhados: “ Então, já escolheram?”. Sempre tira um pouco da responsabilidade da escolha e ganha-se tempo até se dar o veredicto final.

- Trinaranjus, mas maracujá, por favor.

terça-feira, novembro 25, 2003

No Further Questions

Que mania esta. Remetem-se ao silêncio e obrigam-nos ao não desenvolvimento. Detesto discutir e não poder prosseguir, porque o meu interlocutor está satisfeito e dá o processo como terminado.

Há sempre algo que ficou por dizer, algo que ficou por perguntar, algo que não foi perguntado ao qual gostaria de ter respondido, há sempre...

Não se pode bater com o martelo numa discussão, pois isso cabe ao juiz e aqui não há lugar para magistrados. Sentamo-nos na mesma cadeira, quer sejamos ou não réus.

O silêncio, o silêncio atrofia-me no sentido lato do termo. Há silêncios que dizem mais que mil palavras, mas numa discussão preciso das palavras. Eu dou-te as minhas, tu dás-me as tuas e vamos jogando assim. Sem as tuas, é como me pores uma mordaça na boca. Não vale. Apetece-me abanar-te quando te calas. Porque te calas? Porque já chega?

Grrrr. Porque é que Portugal não é a Suíça* e eu não subo até um planalto onde possa gritar bem alto e ouvir o meu eco? Parava com o silêncio... Simulava interlocução...

Sócrates falava na dúvida, enquanto motor, enquanto libertadora, punha em dúvida mesmo aquilo que parecia evidente, indubitável. Ora, dúvida é uma pergunta. Há respostas que não encontramos em nós, mas sim nas respostas dos outros. Sabes tudo é? Damn.

Se um filósofo não te diz nada, ouve o anúncio da Vodafone, comunica mais: grita, pula, salta, fala, discute.

Tenho dito.

* reminiscência da Julie Andrews, no Música no Coração.

Soma e Segue

Isto de comprar coisas pela net, trouxe à minha vida um problema e um dilema. Tenho de ir aos CTT levantar a encomenda e para isso, ou me levanto uma hora mais cedo, ou tenho de fazer tudo a correr no trabalho, sair quando o relógio de ponto o permite, e estafar-me para chegar antes do fecho da estação dos CTT correspondente à minha zona. Para agravar a situação, a localização da dita estação é inconcebível. Não dá para ir de carro, nem passam autocarros próximo, logo, tenho de ir a correr e voltar a andar, desta feita, carregada até casa.

Mas agora, chegou o SIGA. A mordomia tem um custo, mas este custo compensa.

É só pôr a setinha aqui, clicar, preencher os espaços e esperar que a nossa encomenda venha até nós.

segunda-feira, novembro 24, 2003

Fala baixinho...

Fala baixinho não para que não te ouçam, mas para que te queiram ouvir.

Muitas vezes comportamo-nos como se não falassemos a mesma língua. Já repararam que é uma tendência portuguesa falar mais alto e espaçadamente para que um norueguês, ou um polaco, ou o que quer que seja, nos perceba em português? Quando é que vamos aprender que o tom do pregão, só serve para vender, não para nos fazermos valer.

O mesmo se aplica numa conversa mais agitada. Porque razão levantarão as pessoas o tom de voz? Tagore dizia que a verdade não está do lado de quem mais grita, e tinha muita razão.

Se vos irrita que vos elevem a voz, respondam com o timbre mais baixo que conhecem. É bem mais irritante para o outro, e para nós, uma satisfação dupla: mantemos a postura e não perdemos a compostura.

Amanhã levo-te o tupperware

Porquê? Porquê mentir? Toda a gente sabe que um tupperware demora semanas, senão meses a ser entregue. Aproveita-se a próxima festa, o próximo aniversário e por vezes, a próxima passagem d’ano. Ao menos a usucapião não se aplica a estes plásticos, sabemos que hão-de voltar para casa um dia.

Por falar em usucapião, quantos dossiers com apontamentos, sebentas, malas, livros e cd’s meus não ficaram por aí espalhados pelo mundo inteiro? DEVOLVER é o verbo que sucede ao EMPRESTAR. Ouvi dizer que passados alguns meses, as coisas deixam de ser nossas. Após andarem à deriva, passam a ser do pirata que no-las pediu emprestado. Acabou. Emprestou está dado.

A vergonha de pedir o que é nosso a quem nos devia ter devolvido, é idêntica à de pedir dinheiro a quem no-lo está a dever. Porque razão havemos nós de nos sentir envergonhados por pedir o que é nosso? Muitas vezes coramos, tentamos arranjar assunto que possa servir de “link” para a dita lembrança, mas a maior parte das vezes nem desenvolvemos e desistimos antes mesmo de atingir o meio do propósito.

É curioso, mas o português tem vergonha de confrontar quem não tem vergonha na cara.

domingo, novembro 23, 2003

Gato e Peixe

"Atirei o pau ao gato-to-to, mas o gato-to-to, não morreu-eu-eu". Assim começa uma cantiga de crianças que todos os portugueses conhecem bem. Já pararam um pouco e repararam que a amiga da dona Chica queria que o gato morresse? E acham que isso é cantiga para crianças? Bem, mas o gato não morreu, apenas deu um berro: "miauuuuuuuu".
"Não vás ao mar, tonho (de António), que o mar está bravo, tonho (...) Adeus Maria que eu vou p'ró mar, pescar sardinha p'ró teu jantar, ela é fresquinha, da cor da prata, não tenhas medo, que o mar não mata (...) Ai tonho, tonho, que tão desgraçado és, ai tonho, tonho, que nem meias tens p'rós pés (...)" Só tenho um comentário para isto: deprimente! A vida e os riscos de um pescador português. Mas não acham que as crianças deviam ter músicas mais actuais e bem menos deprimentes? Tipo: "Vamos ao colombo, vamos ao amoreiras, vamos à Av. da Liberdade, vamos às compras (...) la la la"... Ah, ok... Isto não é bem para crianças. É mais para mim mesmo. É a proximidade do Natal. Estou a deslocar-me do tópico... Mas estas são músicas do meu tempo, aliás... do tempo dos meus pais. Espero que as deste tempo sejam bem mais alegres. E que seja atirado um peixe bem fresquinho ao gato... daquele que o tonho tenha ido pescar... com sucesso, com meias, mas sem a interferência dos barcos espanhóis...

Não vale mesmo a pena

Nem mapas. A sério, dizem que até pode causar cegueira contrariar os dons. Efeitos nefastos, como os de acordar um sonâmbulo.

Não vale a pena

Não vale a pena porem no inventário dos meus presentes de Natal uma bússola. Não convém contrariar os dons.

Sentido de (des)Orientação

Descobri que tenho um dom. Passados 25 anos, finalmente um dom. Eu já desconfiava, os meus amigos e família estavam fartos de mo dizer, mas eu não fazia caso.

Tenho um extraordinário sentido de desorientação. É magnífico assistir à minha pessoa no meio de uma praça com ou sem mapa, ou a tentar encontrar a saída do metro, ou mesmo a fazer o caminho de volta. Mais fascinante ainda é quando tento orientar-me (sempre sem sucesso). Para além do meu dom, a ajudar ao facto de me perder constantemente, está a minha difícil capacidade de armazenamento de coordenadas e indicações. Eu esforço-me. Pergunto às pessoas como se vai para determinado sítio, mas após a «1ª à direita, depois do cruzamento a 3ª à esquerda e novamente depois dos semáforos à direita» já estou a pensar qual a próxima pessoa a inquirir. Não consigo, ultrapassa-me. Não consigo estar atenta a uma explicação desta categoria. Começo logo a pensar que hei-de encontrar alguém que explique melhor e pronto, não ouvi a explicação.

Quando alguém tem o azar de ser como eu, e de me inquirir a mim porque se encontra desorientado, aí é o descalabro total. Atrapalho-me e parece que é a primeira vez que estou na zona. Tenho brancas completas. Sinto-me mal e tento ajudar, mas estou completely lost também.

É terrível, mas é um facto. Tenho um dom, que só me serve para soltar umas gargalhadas valentes.

Don't walk on a thin line...

Quem te avisa teu amigo é... blá-blá-blá.

Desde crianças que sentimos fascínio por corrimãos, por muros estreitos, por bermas de passeios, por poças "d'água" cuja profundidade desconhecemos.

Adoramos ver os palhaços, mas é para os trapezistas que abrimos a boca de espanto. Gostamos do perigo, gostamos de fazer equilibrismo, mesmo sem rede. Acrobacias para as quais não estamos capacitados, cambalhotas sem saber como termina o desenrrolar. É por isso que viver é tão adrenalínico.

Qual a piada de fazer tudo nos "conformes"?

-Caiu?
-Sim, caí, mas toquei no céu. E tu? De que te vale teres os pés bem assentes, quando a tua cabeça anda à roda por nunca teres pulado?

Eu ando sobre linhas de fogo, linhas estreitas, e calço o 40. O mais provável é queimar-me, é cair, melhor, o mais provável é continuar a cair. Mas a gravidade quando me vence é por pouco, pois o fascinante é desafiá-la a cada instante.

sexta-feira, novembro 21, 2003

Em Beneficiação

É bonito, num país onde qualquer placa tem um erro ortográfico, ler numa autoestrada «Em Beneficiação». É bonito, mas será mais perceptível que « ah tromossos e menduins»?

Não há direito

Não pude deixar de reparar, o Paulo Camacho continua constipado...

Vamos a banhos?

Foi comentado numa rádio que tomar banho com frequência faz com que as nossas defesas se enfraqueçam e fiquemos mais indefesos em relação a doenças. Agora percebo! Afinal não fazem de propósito... O cheiro que algumas pessoam emanam é sinal de defesas reforçadas. E o cabelo seboso também está incluí­do no pacote de defesas? E quanto à higiene oral? Ainda vamos descobrir que lavar os dentes faz mal... (ok, especialistas, sim, o flúor pode ter aqueles efeitos nos ossos...) Prefiro as vacinas e Actimel (passo a publicidade) que nos coloca uma bolha de protecção e que afasta os bichinhos maus.
Aqui me despeço de vocês... de banho tomado...

3 Kg de vida

Finalmente consegui reaver uma porção da minha vida. É triste saber quando a nossa vida está contida num objecto cinzento e prateado com cerca de 3 kg. Mas é lá que tenho as músicas da minha vida. É lá que os momentos "sony" estão (os "kodak" já eram... agora é época digital). É lá que a minha vida académica se encontrava. Naquele objecto que agora está a fazer de pisa-papéis. É triste, mas é verdade: a minha vida parcialmente comandada por uma máquina. Vinguei-me. Troquei-lhe as voltas. Desaparafusei-a. Fui à procura do maquinista, encontrei-o K.O..

Num passeio perto de si...

A caca e o cocó foram os dois passear...

Poderiam ser nomes de palhaços, mas não são... embora também se pintem de várias tonalidades.

Caca, cocó, excremento, fezes, matérias fecais, porcaria, coisa insignificante (esta do insignificante fez-me rir. Deve ter sido do palhaço!), são alguns sinónimos destes nossos companheiros de longa data, deixados pelo melhor amigo do Homem. Talvez seja por isso que o Homem os deixe intactos (até algum sapato distraído levar metade para casa), quais relíquias num qualquer museu!

Ou será porque um saco de plástico pesa, ou faz demasiado barulho?

Que o português tem muitos maus hábitos em público todos sabemos, mas também é de conhecimento geral que os sacos de plástico não custam um cêntimo sequer. (Culpado já há, e a desculpa, qual é?)

Peguem mas é num mísero saco de plástico da próxima vez (e em todas as outras, já agora) que pegarem na trela do vosso melhor amigo e deixem-se de merdas... nos passeios!

Green

Há imenso tempo que não via o primeiríssimo post deste blog. Hoje, mesmo estando um dia cinzento, consegui aceder a ele (após muitos cliques no Baú Novembro 2003). Não vemos umas coisas, vemos outras. C'est la vie.

Amanhã pode ser que não...

Gris

Hoje não vejo a ponte
Tão pouco o Cristo Rei
Hoje tudo é cinzento
Hoje o Tejo cobre-se de nublina
Amanhã pode ser que não

Hoje não te vejo
Nem tão pouco os meus olhos cruzam os teus
Hoje tudo é cinzento
Hoje o meu coração cobre-se de nublina
Amanhã pode ser que não

Portuglês

Engraçado, agora há imensa gente a usar termos em inglês nas suas conversas – eu incluído. So, porque temos esta mania de colocar palavras em inglês nas conversas? Eu descarto-me facilmente: coloco a culpa na sociedade. São sempre os outros que são os culpados, logo, sou inocente de tal atrocidade. Será que perdemos o orgulho no Português? Não creio. Mas será que temos a necessidade de mostrar que sabemos falar inglês? E as breves incursões do castelhano na língua portuguesa? “Si cariño”, “Besos”... Será que isto acontece devido à atenção tomada ao canal 18? Talvez. Mas ainda há quem tire cursos... Esses estão salvaguardados. E os que estão próximos deles também! (Eu sabia que conseguiria descalçar esta bota também). Mas no Brasil é bem mais grave. Não há equipas, há "times", and so on, and so on... Bem, vou ligar para o meu office para ver se o meu schedule está mais ou menos vazio para ir ao gym...

Perplexa

Aos dezasseis anos, as minhas grandes preocupações eram conseguir convencer os meus Pais a deixarem-me sair ao fim-de-semana e ter all-stars de várias cores.

Aos dezasseis anos, há dois rapazes em Portugal que entraram em Medicina este ano. Um deles, o João, ao ano e meio, enquanto eu tentava atinar com a colher e o seu percurso até à boca, lia. Aos quatro anos, enquanto eu esfolava os joelhos, o João explicava à Mãe como seria o seu trabalho de parto. O Renato é igual. Têm 16 anos e são excepcionalmente anormais.

O discurso eloquente que ambos têm aos dezasseis, não se compara com o que eu tenho hoje com mais nove anos que eles, já para nem fazer a analogia à minha pessoa com a mesma idade que eles têm hoje.

Ambos sabem o quem são e o que querem ser, mesmo não tendo idade para isso. Será que eu vou demorar muito mais tempo a chegar a essa mesma conclusão?

Dentinho-de-Leite

Onde andará a fada-madrinha dos dentinhos-de-leite? Naquela altura, o que eu pedia numa noite, não era o que eu queria na manhã seguinte. Agora é. Já não confundo a Srª Fada, porque é que ela não aparece? Sei que já não tenho dentinhos-de-leite, mas não dá para ser a Fada Queda-de-Cabelo, a Fada da Celulite, a Fada do Peso-A-Mais?

Adorava que houvesse a Fada das Preocupações, assim adormecia sobre elas, e no outro dia tudo estava resolvido. A Fada levava-mas e ainda me deixava o desejo. Se o meu desejo se concretizasse ( e era o mesmo amanhã de manhã e depois e depois...), nem era preciso ela levar-mas, podiam cá ficar todas, pois tu já cá estarias para me ajudar.

Apaixonar

- Tens medo de te apaixonar?

- Não, tenho é medo de não voltar a fazê-lo.

Comunismo na estrada...

É inegável. Por muito que o nosso governo seja de direita, na estrada os portugueses são comunistas. Tudo pela esquerda. É engraçado ver quem entra num autoestrada e a primeira coisa que faz é o pisca para a esquerda e lá vai para a faixa do meio - são os centristas. É preciso ter muito cuidado com os centristas, pois nunca se sabe quando irão fazer uma viragem à direita na próxima saí­da... É curioso ver a alergia que o português tem à faixa da direita. Mas porque isto acontece? Uma amiga minha estava a tirar a carta de condução e quando entrava numa via com 3 faixas o instrutor dela dizia-lhe para andar sempre na faixa do meio, porque a faixa da direita era para os tótós. Para além de verí­dico, é muito grave. Já assisti a acidentes devido ao comunismo excessivo nas estradas portuguesas. Conduzam pela direita. É muito mais seguro. Pelo menos nas estradas...

quinta-feira, novembro 20, 2003

Já dizia o Pessoa

«Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?»

Fernando Pessoa

Acrónimos

Tenho uma paranóia. Pronto, tenho várias paranóias, mas vou falar de uma, até porque já é altura...

Tenho empestado este blog de acrónimos. Gosto de saber o significado de siglas. Há siglas que usamos no dia-a-dia que automaticamente aceitamos como conceitos e que associamos rapidamente a coisas, organizações, partidos políticos, marcas, etc.

É essa a sua função. Facilitar a expressão oral e escrita e com isso a associação ligeira. Simplificam-nos a vida, mas a mim complicam-me o sistema.

Suscita-me curiosidade saber a que palavra corresponde cada letra de uma sigla. É por isso que decifro aqui alguns acrónimos.

Vou despejar para este post alguns acrónimos que utilizei hoje, ou que li ou ouvi, e depois vou parar com isto por uns tempos. Aqui vai:

RSFF - Responder Se Faz Favor

PS - Post Scriptum

TSF - Telefonia Sem Fios

TMN - Telecomunicações Móveis Nacionais

TIR - Transportes Internacionais Rodoviários

SIC - Sociedade Independente de Comunicação

RTP - Radiotelevisão Portuguesa

TVI - Televisão Independente

UHT - Ultra Hight Temperature

UHF - Ultra Hight Frequency


Ufa. Soube-me bem...

A pensar, a pensar...

E eu a pensar que só na Europa a pedofilia era crime...

E eu a pensar que só em Portugal é que havia pedófilos conhecidos...

E eu a pensar que o Michael Jackson nunca seria apanhado...

CTT

C - Currency
T - Transaction
T - Tax

Currency Transaction Tax

Imposto sobre as transacções monetárias dos países em vias de desenvolvimento para o controlo de capital

C - Correios
T - Telégrafos
T - Telefones

Em 1911 é criada em Portugal a Administração Geral dos Correios e Telégrafos, que em 1939 passou a designar-se Correios, Telégrafos e Telefones – CTT, e que nos dias de hoje é conhecida como Correios e Telecomunicações de Portugal, S.A.

Para mim: os correios.

Para mim, deixou de ser os Correios, para ser mais uma sigla.

Play again

Há rewinds que deveriam ser forwards, forwards que deveriam substituir os plays e plays que deveriam ser pauses.

Isto porque há lembranças que queremos que passem depressa, momentos presentes que queremos que fiquem para trás e coisas que sentimos que gostavamos de sentir para toda a eternidade.

Mas a vida não é uma VHS, nem tão pouco um DVD.

A minha fita encravou, o meu DVD riscou, tão somente porque numa conversa de 2 horas, fiz rewinds, forwards, pauses e plays sem parar. O aparelho não aguenta tudo isto, nem tão pouco o frágil material.

Felizmente a reconstrução/restauração do filme da minha vida é bem mais simples que a da película/DVD.

Não há nada que na oficina do sono não tenha conserto.

That's all folks!

Salteador do Frigorífico Perdido

Chega a esta hora e fico cheio de fome. É mecânico, é matemático, não falha. Por muito que coma ao jantar, é-me impossível controlar esta ânsia de ir direito ao frigorífico e devorar todas as delicatessens de que está recheado. Sejam iogurtes de morango, seja fiambre, seja queijo. Não sou esquisito. Faço tostas, faço torradas, faço chá. Só não faço bolos porque a fome é tanta que não dá tempo. O meu cão olha para mim. Deve ter o mesmo mecanismo automático que eu tenho. Isto deve despertar à mesma hora - mas em horas caninas. 1h30: hora de cravar um biscoito ao dono. E assim o faço, é ritual. Eu e as minhas torradas. O cão e o seu biscoito.

O que é o Jantar? Who cares!

Isto de ser "crescido" levanta uma questão que há uns anos atrás não levantava. Estavámos sempre desertinhos de ir jantar fora, qual saltimbancos. Agora, ora jantas cá, ora janto lá. Adoramos receber, adoramos ser recebidos. Não trocamos a ementa do nosso amigo(a) ou namorado(a) pelo cardápio mais coadunado aos nossos apetites gastronómicos. O sofá e o café depois do jantar, a conversa que se arrasta num puff qualquer a meia luz, com uma música que quase não se ouve mas envolve, um ritual delicioso que não queremos quebrar e voltamos a promover no próximo jantar.

Escolhemos com brio o vinho e a sobremesa, outras vezes saímos a correr do trabalho para ir comprar os mais frescos ingredientes do apetitoso jantar que vamos confeccionar. Queremos que tudo corra bem, que satisfaça todos os requintes, mesmo os mais sagazes. Um gourmet para os Deuses. É bom sair da rotina e criar esta nova rotina. É bom conviver, é bom falar, é bom cozinhar para ti, para ti e para ti, é bom saborear o que preparaste. É bom sentirmo-nos em casa numa casa que não é nossa, é bom que os outros sintam o mesmo quando à nossa vêm.

Bom mesmo, é alguém cozinhar para nós, na nossa casa, donde nunca mais nos apetece que dali saia...

É bom ser "crescido".

Escolha de Presente

Escolher um presente não é comprar um presente, melhor, não é só comprar um presente. Escolher um presente é levar na carteira lembranças, carinho, dedicação, amor e o cartão de crédito.

É tão bom receber um presente que nos diz muito, que nos diz muito porque sabemos que a pessoa que nos oferece sabia que íamos gostar. Escolher um presente é bem mais prazeroso. É dar voltas à cabeça, estar atento a pormenores, a conversas, a lançamentos e principalmente querer agradar, não só com o presente, mas pelo presente que é e o que significa.

Receber um presente é só desembrulhar (ou desagrafar – há lojas que já não fazem embrulhos, agrafam sacos :s), escolher é muito mais que isso. O sorriso e a satisfação são as bases comuns ao dar e receber, mas quem dá com gosto, recebe o sorriso a dobrar, pelo menos sente-se assim.

Ver a satisfação estampada no rosto da pessoa que desembrulha (ou desagrafa) é tudo, e sabemos que não é "sorriso educado", pois aquele presente, de certeza que irá agradar, foi escolhido a dedo pelo coração.

Não foi sorte, foi atenção!

quarta-feira, novembro 19, 2003

Surto e livro... Que combinação desencontrada...

Um grande surto de lamechice aguda invadiu este blog momentaneamente. Mas é assim. Trocaram-nos as voltas como aconteceu com a gripe. Lá se muda a estirpe e a vacina fica com efeitos limitados.

Acabei de ler o "Sex and the City", da Candace Bushnell. Pequenas histórias. Temas simples. Temas complexos. E é imperdível o capítulo da Amelita com o lorde inglês... "Don't you think you'd get more of life if you read it instead?" Leiam. Nem que seja apenas como exercício de tradução ou para descobrir essa passagem... Adorei.

Não te Esqueças da Escova de Dentes

Mais que um nome de concurso, é uma advertência. Embirro com quem se esquece da escova de dentes. O telemóvel vem, a carteira também, mas a escova fica.

O problema não está aí. Se a muitos não faz espécie não lavar os dentes, é questão que não me suscita preocupação (na maior parte dos casos). O que me causa espécie é acharem que não me fará espécie alguma utilizarem a minha. A escova de dentes não se partilha, pelo menos a minha. Bem sei que poderá parecer estranho, mas é uma coisa pessoal, muito pessoal, íntima até.

Não gosto de partilhar a minha escova, assim como seria incapaz de utilizar a de outrém. Não percebo onde está a dificuldade em perceber isto. «Beijas-me, comes dos meus talheres, até bebes do meu copo... Porque não posso utilizar a tua escova?» Porque não. Chamem-lhe panca, teimosia, egoísmo, capricho. Não e não.

Nunca pedi uma gilette emprestada, (também porque não utilizo), mas imagino que, caso utilizasse, lembrar-me-ia de a levar, e caso não, nunca pediria emprestada (até porque, felizmente, fazer a barba foi ofício que nunca careceu necessidade em meu rosto, logo...).

Vou comprar um cofrinho, com código, daqueles bem maneirinhos, porque a minha escova é só minha e tem de estar guardada.

Não concebo a indignação. Fica feita a advertência.

Perdoa-me (não te ter perdoado)

O Perdão é diferente do Desculpar, só se pede quando se sente no fundo que se atingiu um outro fundo, só se dá quando se sente que o outro fundo sentiu tão fundo que o nosso fundo e o dele se podem novamente elevar e olhar a luz de frente, sem cavidade por onde a sombra possa descansar.

Pedir perdão é quase tão difícil quanto o acto de perdoar, ou talvez não. Talvez estejam ambos no mesmo patamar, roçando o mesmo grau de dificuldade. Perdoar é um grande exercício, um grande exercício que revela enormes capacidades por detrás. Não é qualquer um que perdoa. Perdoar não é voltar atrás, perdoar é olhar em frente com uma breve passagem às costas do presente.

Perdoar não é relevar, perdoar é esquecer. É esta amnésia voluntária que não é para todos. É-o só para aqueles que são grandes por si só, cujo coração bomba nobreza em todo o seu esplendor e cujo amor transpira por cada poro.

Pedir perdão por não ter perdoado é ajoelhar sem vergonha, porque se atinge um patamar de percepção do outro, que já passou por onde se está a passar agora. Pedir perdão por não ter desculpado é porventura mais difícil que perdoar, mais difícil que pedir perdão.

A remissão dos pecados é-nos dada não pelo perdão em si, mas pela nossa consciência. Somos nós que ditamos o veredicto final. É por isso que muitas vezes esperamos a absolvição através do outro, é por isso que muitas vezes sofremos sem querer saber porquê. Eu já dormi sobre a minha consciência, já acordei por ela e com ela, já fiz esse caminho.

Perdoa-me ter pedido desculpa e não te ter perdoado, perdoa-me agora que vejo que o teu perdão vem na sequência do meu, que não foi dado, mas que te é pedido agora. Perdoar é difícil, agora o sei, perdoa-me não o ter sabido quando tu também o precisavas.

Perdoa-me, não te ter perdoado.

terça-feira, novembro 18, 2003

Just in Time

Não te atrases. Deve ser uma das frases mais repetidas em Portugal, e o mais engraçado é que muitos dos que proferem esta frase repetidas vezes, acabam por esquecer que eles próprios também têm de chegar a horas.

O que é isto de chegar a horas? Chegar a horas é sempre que não temos de recorrer às desculpas mais estapafúrdias ou, nalguns casos, verdades completamente irritantes e sem vergonha alguma.

Eu nunca me atraso, e compreendo que isso possa ser bem mais irritante do que estar à espera. Não me atraso não porque seja dondoca e não tenha mais nada para fazer, não que tenha um motorista que me leve onde queira e me poupe da chatice do estacionamento, não. Não me atraso porque acho uma tremenda falta de respeito por quem espera. Não é decente, não é justo.

Quantas vezes deixei de fazer coisas porque já não dava tempo? Imensas. Estar à espera é um estado que necessita de distracção, não de ocupação. O não deixes para amanhã o que podes fazer hoje deveria vir com uma alínea suplementar excepto se combinaste com alguém e para isso tenhas de o sacrificar no exercício da espera.

Ouço com carinho a frase não deu tempo para avisar, com carinho pois já é very typical em Portugal. Não deu tempo?! Um telefonema demora quanto tempo a fazer? Um sms (até há modelos de sms para os “atrasados”) demora quantas eternidades a enviar? Parece que o “atrasado” tem tempo para tudo, menos para quem sofre com a espera que ele provoca.

Não é um problema, muito menos crónico. É falta de educação, como o é deitar os papéis na calçada, apagar os cigarros no chão ou atirar latas e embalagens vazias pelo vidro do carro em movimento. Para a falta de educação há desculpa?

Perante esta tamanha falta de chá, muitas vezes a solução está em tomar um cházinho, que pode ser que não esfrie no entretanto.

Clica aqui se sofres deste mal, compreenda-se, o mal de estar à espera. Não que resolva, mas alivia! Eu sou o 1042 :D

Ajudar até ao tutano

Não há porque não ajudar, não há porque não saber. Ser (possível) dador de medula óssea é fácil e pode salvar uma vida.

Durante anos recebi mails aos quais não respondi e os quais encaminhei como quem passa o sal e a pimenta num almoço qualquer. Houve um dia que foi diferente. Tocou-me um mail e decidi responder, perguntando como poderia ajudar. A menina respondeu-me, tratou-me por tu, senti-me mínima e atónita perante toda aquela coragem.

Foi então que tive conhecimento do Centro de Histocompatibilidade do Sul e para isso só tive de clicar aqui, olhar para a coluna do lado esquerdo da página e ler a parte referente ao CEDACE, no canto inferir esquerdo. Depois é preencher o inquérito preliminar e esperar por uma carta em casa. Posteriormente é só dirigirmo-nos até à Faculdade de Medicina do Campo de Santana (pelo menos, no meu caso foi) onde nos são retirados 10ml de sangue*. Desta forma, eles conseguem averiguar a compatibilidade entre nós e os doentes.

É só isso. Não custa, não dói e pode ser que sejamos um dia chamados, para podermos ajudar alguém que precisa mesmo de nós.
Ajudar até ao tutano, pleonasmo engraçado!

* Aqui, é-nos dada uma justificação para entregar no trabalho ou na escola.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Big Mistake

Pensar que errar é humano é erróneo. Errar é desumano. Não deveríamos errar, não deveríamos aprender com os erros. Não deveriam ser eles os nossos mestres-escola da vida. Aprender com os erros, pressupõe errar para aprender, e o claudicar será constante para alguém que disso tenha consciência.

Errar é feio, errar é mau. Errar deveria constar dos manuais de etiqueta enquanto falta de educação.

Não é a intrujice que me aflige, o logro, nem tão pouco o perfeccionismo que me leva a pensar desta forma ou o ter de fazer tudo “certinho e como deve ser”, não. Não é o enganar, é o errar. Errar sem intenção, errar sem querer, errar sem saber e por não saber.

Tenho medo de errar. Tenho este medo desde pequenitates, não pela repreensão, mas pela consequência. Tenho medo de magoar, tenho medo de (me) desiludir, tenho medo de não ter clareza suficiente e com isso perder o sentido de justiça e sensatez e relutantemente errar.

Não tenho medo de errar na chave do totoloto, ou numa pergunta do “Quem quer ser milionário”. Tenho medo de não saber ajudar, de não me sentir à altura, de não ser forte e por isso fraquejar, e com isso errar.

Tenho medo de cometer um grande erro, daqueles que o perdão não absolve nem apaga. É um medo comum, mas eu tenho mesmo muito medo dele. Tenho medo da posição que tomo ser a errada e com isso estar a cometer o maior erro da minha (nossa) vida. Tenho medo de nunca vir a saber disso. O arrependimento e o perdão não são borrachas. Há erros indeléveis. São esses que temo.

Quem dera fosse afoita e mesmo errando, soubesse encará-lo de frente, agarrá-lo e transformá-lo, como se de barro mole se tratasse. Mas não. Tenho medo do erro, mesmo quando tento não errar. Ele anda sempre à espreita, é o meu bicho papão. Quero ser correcta, quero acreditar que é o melhor que sei e faço e que isso é garante suficiente para não cair em erro.

Não quero cair, cair em erro.

O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo
Winston Churchill

O maior erro que um homem pode cometer é viver com medo de cometer um erro
Hebbard

domingo, novembro 16, 2003

Upside down

Tudo ao contrário. Foi tudo ao contrário.

Um fim-de-semana há muito programado, com amigas que há muito me dizem muito, para uma cidade que há muito que (ainda) não me dizia nada. Um fim-de-semana no Porto.

Finalmente ia ao Porto sem ser por obrigação, de passagem ou a trabalho. Ia ao Porto para conhecer o Porto, com olhos de ver, com coração de sentir. O Porto ia receber-me de braços abertos, de sol radiante, como nunca o tinha feito. Foi tudo ao contrário.

O evitável tornou-se inevitável. A 80 km da cidade que nos ia acolher, despistámo-nos.
A partir daí­, o nosso itinerário mudou, o nosso caminho foi outro.

Fica o traumatismo torácico, as escoriações e as dores, mas essas também hão-de ir, à semelhança do que se passou com o susto.

A amizade fica, os valores são a nata e isso une-nos e faz-nos sorrir, mesmo no meio da desdita.

Em 5 segundos, 25 anos passam-te num ápice e tu deixas de ter importância, pois esse lugar é automaticamente ocupado por quem te diz muito. A lembrança é a tua visão, o pensamento o teu corpo.

Adoro-vos e a vida é colorida porque vocês continuam a fazer parte dela.

sexta-feira, novembro 14, 2003

TNT

T - Tri
N - Ni
T - Trotoluene

Trinitrotoluene = explosive consisting of a yellow crystalline compound that is a flammable toxic derivative of toluene.

Trinitrotolueno = substância cristalina, amarela, vulgarmente conhecida por TNT, que é um poderoso explosivo e que se obtém a partir do tolueno (que por sua vez deriva da palavra francesa toluène e que na língua de Camões não é mais que hidrocarboneto da série benzénica ou líquido incolor obtido na destilação do petróleo e do carvão e utilizado como dissolvente, no fabrico do TNT)

Para mim: os desenhos animados do Roadrunner (do "Beep-Beep"), a empresa de transporte expresso e soluções de logística com a qual trabalho.

Para mim, deixou de ser uma imagem, uma empresa, passou a ser mais uma sigla.

Rita

Da tua janela
Da tua janela que eu não vejo
Prevejo que aqueles que vêem o que aí se passa
Sintam o que eu sinto
Pois através da vidraça
Aposto que se pode ver o calor e o beijo
Toda a ternura e dedicação
Aos filhos dos outros que ali estão
E que do lado de dentro da janela teus filhos são
Porque um coração como o teu não disfarça
E o calor que dele emana,
Por mais que o vidro faça embaciar
Não tem carapaça
Não fica escondido
E deixa passar
Para quem à chuva estiver
O quão bonita és enquanto mana, amiga, "mãe" e mulher.
Da janela que eu não vejo
Mas que também não preciso ver.

XPTO

X - X de verificado, X de V, V de visto
P - Packet
T - To
O - Overseas

A sigla aparecia nos caixotes de mercadorias importadas que podiam circular, por já terem a "vistoria".

Para mim: foi nome de programa infantil, faz-me lembrar o Feiticeiro de Oz (o Homem-Lata), coisa complicada ou coisa espectacular.

Para mim, deixou de ser palavra, passou a ser sigla.

A Meia Branca e a Constituição

Para meu espanto, vejo a Meia Branca a ganhar enorme força junto da comunidade masculina portuguesa. E mais, está muito bem acompanhada da bela da raquete de ténis. Não estou a inventar qualquer coisa para postar. Acreditem! É verdade. E os grandes impulsionadores desta grande vaga são os informáticos. A Meia Branca veio para ficar. Será que ninguém se apercebe que até na FIC (Feira Internacional de Carcavelos) já se vendem meias pretas? Não estou a pedir conjugação de cores. Pelo menos pretas! Mas nãooooooooo, o pessoal é todo desportista e a bela da Meia Branca está em todas. News flash: Já há meias pretas para desporto também.
Será que podemos criar um lobby para pressionarmos um ou dois ministros para alterarem a Constituição de forma a tornar o uso da Meia Branca inconstitucional? Será pedir muito? Ok, pronto, apenas uma leizinha?
Utopia...

quinta-feira, novembro 13, 2003

O Segredo do Rio

« ...este rio tem um segredo e esse segredo é meu.»

Delicioso.

São 39 páginas que ficam retidas na memória, ora pelas palavras que Miguel Sousa Tavares tão bem junta, ora pelas imagens que Fernanda Fragateiro nos oferece.

Um conto do século passado* que deveria servir de ponto para muitos nós. Um conto para miúdos e graúdos que é levado a subir ao plateau da Casa de Teatro de Sintra pelo Fio De Azeite, teatro de marionetas da associação cultural Chão de Oliva.

Vai estar em cena até 21 de Dezembro, todos os sábados e domingos meia hora antes da hora coca-cola light ( não passo a pub.)

É a história de uma bonita amizade entre um menino e um peixe que, como qualquer amizade, tem na sua base segredos que tornam cúmplices as partes, fazendo com que os obstáculos sejam desafios a juntos ultrapassar. Uma lição, dada por um menino e um peixe cujas mãos dadas são os valores.

Um espectáculo a não perder, para ler e ver, em Sintra ou em qualquer livraria.

Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Eu acrescento 10, nota 10.

* 1996, pela Relógio d’Água

Ora

Ora...
Ora essa!
Ora viva!
Ora diga.
Ora, ora...
Ora aqui, ora acolá.
Ora isto, ora aquilo.
Ora, se...
Ora.

Conjunção, advérbio, interjeição, conjugação de verbo. "Ora" para mim é sinónimo de bons dias :"Ora Viva!" é a expressão culpada. É assim que o meu chefe me dá o bom dia ou a boa tarde (dependendo da hora que chega). "Ora" é sinónimo de simpatia, ora aí está o que "ora" para mim é!

Dúvida

Tenho uma dúvida e não consigo jantar.

Há dias, presa em plena Avenida de Ceuta na hora de ponta, impaciente que estava, resolvi alterar o modo CD e passar para a rádio.

Como quase nunca ouço rádio, lá ficou "preso" como eu na mesma frequência sem que eu fizesse um zapping radiofónico.

Eis senão quando ouvi a Rita Mendes*, depois de ter dito que tinha saudades daquilo que não conhece (uma poetisa), despedir-se mais ao menos assim (desculpa Rita não conseguir reproduzir-te tão fielmente quanto desejaria) " Bem, vão ficar "sem nosco", o programa está a acabar".

A minha dúvida é para ti, Rita, como se escreve "sem nosco"? É sem-nosco? Sennosco? Semnosco?

* - Para quem não está a ver quem seja, foi nomeada para ganhar o troféu d' Homem que Mordeu o Cão para uma das categorias, mas foi preterida, acabando por ganhar o Emplastro. No seu CV podem ler-se apresentações no Canal 21 da TV Cabo; no Curto Circuito da Sic Radical e no Portugal Radical da Sic. Como vês Rita, acompanho-te desde o Templo dos Jogos, donde nunca deverias ter saido. Vá-se lá saber porquê...

Os Vossos Opinanços valem por dois

Já repararam? Eu reparei e quero que repares que reparei. Apetece-me beijar-te, querida leitora.

A nossa cidade é nossa, o meu blog é teu.

O teu opinanço é 1 e vale por 2!

Considera-te beijada, não só porque o Natal vem aí­, mas porque o espírito está sempre presente.


Nota: Esta é uma excepção. Sou perita em abrir excepções, mas excepcionalmente esta é a excepção. Não vou voltar a "postar" a um opinanço, mas este soube-me bem, tão bem quanto o primeiro deve saber.

Publicidade

Há um tipo de publicidade que me afecta. Esse tipo de publicidade entristece-me, desmotiva-me.

A Valor Med, à semelhança da Organics, da Ok Teleseguro e do EURO 2004, recorre à publicidade individual, chamemos-lhe assim.

Eu ouço-a, leio-a, mas sei que não é para mim.

Costumava entregar as embalagens vazias dos medicamentos numa farmácia perto de mim, usava Organics no meu cabelo "seco, rebelde ou áspero", pensava trabalhar no Euro 2004 e mudar o meu seguro automóvel. Mas, não fui convocada.

Eles insistem em fazer spots publicitários para outras pessoas, pois o meu nome nunca foi escrito ou dito num qualquer outdoor espalhado pela cidade, nem na tv, rádio ou jornais. Nem como suplente fiquei.

Talvez se me chamasse D. Alice, Diogo, Francisco, talvez se conhecesse a Marta ou se fosse jardineira, até talvez se me chamasse Gervásio. Talvez sentisse que era para mim.

A Tefal não, a Tefal é amiga. Sei que é para mim, embora ache um exagero ela achar que eu penso em tudo.

Resta-me ir à PizzaHut, não por ser hora de jantar, mas porque fazem pizzas à minha medida e até têm uma Honda City Fly 125cc só para mim. Amanhã vou tentar a sorte à Zara, a ver se deixo de ser um "recibo-verde" e vou trabalhar com eles.

A minha vida está prestes a mudar...

Também tem piada...

... eu continuar a acreditar nelas, nas carapaças, e no que existe dentro das mesmas. Porquê? Não sei. Talvez porque, de vez em quando, encontro uma ou outra que me fazem continuar a acreditar. Talvez...

Tem piada...

O Natal está próximo, é um facto. Outro facto é que as pessoas (e bichos também) ficam mais humanas nesta altura em que as ruas se enchem de cor, de luz, de sorrisos, de burburinhos menos desagradáveis, de gritos menos irritantes... pelo menos, para quem gosta desta época festiva.

É uma verdade facilmente comprovada, esta alegria anual, esta simpatia colectiva que tende, todos os anos, a emergir de carapaças geralmente frias, egoístas, camufladas... (nem todas, também é certo)

No entanto, expliquem-me, se conseguirem e quiserem, por que raio estas carapaças conseguem ser, por vezes, tão vis, tão maliciosas, tão egocêntricas. E, como se tal não bastasse, por que razão se interessam tanto (e sempre) com a vida dos outros. Não entendo, mesmo. Serão apenas fugas desesperadas das suas próprias carapaças?

Ademais, parece-me que vejo aqui um paradoxo inquietante (ou não): interesse acentuadíssimo pela vida alheia e egocentrismo. Ora, decidam-se de uma vez!

Tem piada? Não, não tem. (Embora o Natal tenha sempre o seu encanto, o seu espírito)

O Natal não mora aqui

Estava eu a vir do almoço e a minha Mãe, que não lê blogs, telefonou-me. Tive de lhe fazer a pergunta.

- Mãe, aí é Natal?
- Natal?
- Sim Mãe, é Natal aí? Aqui é Natal.
- Aí é Natal? Então vem para aqui, porque o Natal é aqui, o Natal é quando estamos todos, aí sim é Natal.


Afinal não é Natal, ainda não é Natal.
Pena. Não vou estar à lareira na terra em que os pastores são como no tempo dos 3 Reis Magos e não sabem que há telemóveis*, os saldos ainda vão demorar a chegar, o "Música no Coração" ainda não vai ser (re)visto por mim, e o subsídio (+) ainda demora a chegar.
Pena, porque vou ficar aqui e não vou estar lá, junto de quem me ama e de quem amo incondicionalmente.



* - O Natal é passado em casa dos meus Avós, na aldeia onde não há rede TMN nem VODAFONE, na terra-dos-sem-telemóvel.
+ - se calhar só para o ano, pois sou "recibo-verde", e o "recibo-verde" não tem subsídio de Natal. Não tem subsídio ponto. Mas é verde, e enquanto há verde há esperança.

Mãe, já é Natal?

Estava eu no balneário e ouvi uma menina linda perguntar para a Mãe: "Mãe, porque é que agora me vais buscar de noite?". A Mãe tentou explicar que continuava a ir buscá-la ao colégio à mesma hora, mas que como a hora mudara, agora era de noite à mesma hora que dantes era de dia. Digo tentou, porque a menina olhou para mim, sorriu, inclinou a cabeça para a direita enquanto fechava lentamente os olhos e encolheu os ombros.

Estava eu a vir para o trabalho e deu-me vontade de telefonar à minha Mãe e perguntar: " Mãe, já é Natal? Mudou só a hora ou avançámos um mês?" Mãe, aí também já é Natal?

A Leopoldina já canta as canções do Continente, a Kapital já tem as árvores da época natalícia, o Corte Inglés já tem o Presépio todo iluminado, nas promoções de viagens já aparece o 25 de Dezembro e alusões à Passagem d'ano, na Rua Augusta o homem-estátua já é o Pai Natal, a rua do meu prédio já está iluminada.

Já não preciso passar pelo jardim do Casino do Estoril para sentir que é Natal.

Em Lisboa já é Natal, e aí Mãe?

São gostos

Gosto de castanhas, não gosto do cheiro a castanhas
Gosto do cheiro de pipocas, não gosto de pipocas
Gosto de doces, não gosto de adicionar açúcar às coisas
Gosto de azeite, não gosto de azeitonas
Gosto de café, não gosto de coisas que levem café
Gosto de requeijão, não gosto de queijo fresco
Gosto do Sporting, não gosto de futebol
Gosto de gaspacho, não gosto de sopa fria
Gosto de dormir, adoro estar acordada

São gostos e gostos não se discutem.



W.C.

W.C. = Water Closet

Conversas de balneário

Estava no duche no balneário do ginásio e em vez de cantarolar para treinar para a próxima operação triunfo, não pude evitar ouvir a conversa... A conversa dos machos tugas nos ginásios é o máximo. Sério. Muito diversificada... Ora temos "o traseiro da Sofia", ou "o peito fabuloso que só não abre garrafas de cerveja que a Tatiana tem" ou simplesmente "o pernão da Josefina". Outro tópico: carros. "Tenho um carro com 500 cavalos que faz curvas a 300!!", "O teu carro? Curvas a 300? Bah, o meu faz a 400! Isto é que é uma máquina...". Nada pessoal, mas os balneários femininos devem ser bem mais interessantes. Pelo menos têm gajas. Mas é engraçado, os tugas defendem sempre as suas donzelas: "A minha mulher tirou média de 17 na faculdade", "17? Só? A minha teve 20!!", "A tua está num escritório de informática? A minha é assessora do Sultão Abdul-qualquer-coisa!!", por isso minhas senhoras, preparem um jantar bem caprichoso aos vossos maridos quando eles chegarem a casa depois do ginásio... São defendidas lá com unhas e dentes. Agora... Se eles não vêm do ginásio... Coloquem delicadamente um pouquinho de tabasco ou algo assim na sua comida... Tabasco não, é 605 Forte...

Os Cheiros Não Meus

O cheiro a sardinha
O cheiro a autocarro
O cheiro a transpiração
O cheiro a borracha
O cheiro a balde do lixo
O cheiro a Tejo
O cheiro a fritos
O cheiro a cera depilatória
O cheiro a porco
O cheiro a elevador onde alguém esteve a fumar
O cheiro a naftalina
O cheiro a pó
O cheiro a tintas de cabeleireiro
O cheiro a talho
O cheiro a castanhas
O cheiro a sangue
O cheiro a peixe cru
O cheiro a sujo
O cheiro a acabado de pintar
O cheiro a enchidos
O cheiro a arroto
O cheiro a whisky
O cheiro a casas de banho públicas
O cheiro a frigorífico
O cheiro a caras-de-bacalhau
O cheiro a Macdonalds


Os Cheiros Meus

O cheiro a algodão-doce
O cheiro da casa dos Pais
O cheiro da praia do Vau
O cheiro do meu cão
O cheiro a pipocas
O cheiro a Nestum Mel
O cheiro a xarope de cenoura
O cheiro a fatias douradas
O cheiro a éter
O cheiro de quem amo
O cheiro da Rita
O cheiro de um bom tinto
O cheiro a Mustela
O cheiro da casa de chá, chocolates e café do chiado
O cheiro a chá acabado de verter
O cheiro da Avó Beatriz
O cheiro a bolo quente
O cheiro da compota e da manteiga sobre o scone
O cheiro do Audi 80
O cheiro a coco
O cheiro da casa da Tia Soledad
O cheiro a pó-de-talco
O cheiro da BW'S
O cheiro a acabado de limpar
O cheiro da Nero e da Chita
O cheiro a sapateiro
O cheiro a leite creme queimado
O cheiro a maçãs verdes
O cheiro a lareira
O cheiro a relva acabada de cortar
O cheiro a peixe assado da Mãe
O cheiro a pão
O cheiro a Natal

quarta-feira, novembro 12, 2003

O Cheiro dos Outros

Há cheiros que nos marcam, há cheiros que não deixam rasto.
Há cheiros que deixam rastos de pessoas quando passam, cheiros que teimam em não passar.
Há uma panóplia de cheiros e a eles umas tantas quantas sensações associadas.
Há cheiros que valem por si e outros que desvalorizam o sítio de onde vêm.
Há cheiros que nos transportam e cheiros que nos fazem recuar.
Há cheiros que nos elevam e cheiros que nos apagam.
Há cheiros de água, de terra, de fogo, de ar.
Há cheiros velhos e cheiros novos.
Há cheiros caros e cheiros baratos.
Há cheiros que fazem rir, rir, rir.
Há cheiros que imitam e cheiros de invejar.
Há cheiros de Verão, de Outono, de Inverno e de Primavera.
Há cheiros de pessoas, cheiros de animais, cheiros de plantas.
Há cheiros de perigo e cheiros de bem-estar.
Há cheiros que gosto e cheiros que não.

Os meus amigos dizem que eu tenho cheiro. " Cheira a ti". Eu não sinto. Mas nalguma daquelas categorias há-de aninhar-se. O meu cheiro não é meu. Embora ande comigo é vosso, porque eu não o conheço. Ando com o cheiro dos outros.




Senti...

Senti...senti-o no momento em que acordei e pensei no que vestir – aquele momento diário que por vezes se transforma num dilema e nos fustiga o humor – e detive-me num ápice absurdo para escolher peça a peça...porque sabia...porque desejava...uma observação banal...tua, por sinal...
Senti... quando a névoa deturpou a visão no espelho, que o teu olhar iria cruzar o meu e me iria devolver a limpidez...
Senti... no momento em que o sol não me permitiu ver os seus raios que o teu sorriso iria ser suficiente para iluminar o meu dia...
Sentia.. a cada passo e a cada bater mais forte do coração que te sentia mais perto. Sentia o tremor a ocupar o meu corpo a cada pedaço de nada conquistado para finalmente te alcançar. Sentia a tua presença tão certa (quem dera senti-la sempre assim...quem dera senti-la naquilo que sentes) e senti ainda mais forte quando te vi na certeza que tinha e agora era incondicionalmente minha...tão minha.. que senti só para mim...

S. Renato

Eu que ligo tanto a datas, eu que pavoneio o facto de ligar a pormenores, eu que me considero atenta, deixei passar em branco o dia que costumava ficar manchado de jeropiga.

Ontem foi dia de S. Martinho e eu bebi frize limão. Foi dia de S. Martinho e não choveu para depois romper o sol. Foi dia de S. Martinho e não comi castanhas. Foi dia de S. Martinho e passou-me ao lado.

Hoje é dia de S. Renato*. Hoje foi dia de greve da Carris, foi dia de chegar atrasada, de apanhar chuva, de me lembrar que me esquecera do dia de S. Martinho.

Para o ano quero lembrar-me de S. Martinho e esquecer-me que o S. Renato existiu.

* Há quem diga que foi dia de São Josafá, mas no meu calendário está S. Renato e Josafá nasceu em Wladimir e o Renato deve ter nascido no Cartaxo. Há quem diga que é dia de S. Diogo de Alcalá, mas nem cá nem acolá o Diogo é Santo!!!

Reclamações

Hoje recebi duas manifestas reclamações às quais estou a dar a devida importância e às quais responderei prontamente.

Reclamação I - Mudança de Identidade Invertebrada

No dia 1 de Novembro decidi criar este blog. Não era um plano, simplesmente aconteceu. Estava sozinha. Fi-lo e baptizei-o, sozinha. Escrevi o meu 1º post. Assinei Bichinho-de-Conta.

O blog continuou a ser meu por mais uns dias. Não contente por não ver ideias de jeito no meu blog, decidi convidar uns amigos a escreverem coisas de jeito e com cor. Fi-lo e felizmente o meu blog passou a ser nosso, de nós para nós, de nós para vocês. Deixou de ser meu, deixou de fazer sentido ter um nick com o nome coincidente com o endereço do blog. Pareceu-me narcisista, pareceu-me sem cabimento e mudei. Surgiu a ideia de um nick ao escrever o post do Louvado Sejas e mudei naquele instante. Os meus bugs do blog não apreciaram a mudança e posto isto, resta-me voltar a ter corpo de bichinho-de-conta, mas alma de louva-a-deus.


Reclamação II - Extensão dos meus Posts

Tentarei que cada post seja sinóptico, só para ti.

Sonhei contigo

Não percebo nada de sonhos.
Mas faço-os, sonho diariamente (a dormir), assim como faço tantas outras coisas sem as perceber.

Hoje sonhei mal. Não percebendo assumidamente de sonhos, sei catalogá-los de bons ou maus (tb há os assim-assim) e hoje foi definitivamente um sonho mau. Sonhei mal. A culpa é minha, que não soube sonhar.

Sonhei que estavas prestes a partir para o mundo dos sonhos.

A minha vida é um sonho enquanto possa ver o teu sorriso por dentro da tua pele macia, o teu amor pelo telefone, sentir-te e sentir tudo de bom que em ti tens através de um abraço cúmplice e de um olhar protector.

Gosto que faças parte dos meus sonhos e projectos, que os comungues comigo, lado lado e isso só será possível se não me deixares.

Medo, senti medo e um pesar.

Preciso de ti, mas gosto mais do que preciso.

Mãe, nunca me abandones. Mãe, meu doce aconchego.

Amor de Filha desde 1978.

O Gosto dos Outros

Não vou fazer o gosto aos outros, vou fazer o que os outros gostam e eu também. Para não fazer o gosto aos outros e fazendo o que eles não gostam, vou dizer aos outros que vou fazer o que eles gostam mas que eu gosto mais, embora o faça durante menos tempo ( aqui "boldo" o menos).

Fui dormir.

Mais

Na vida só tenho uma certeza, que nada é certo. Porém, tenho a certeza que há coisas certas. Certas ou acertadas, certamente andarão por aí. Raras são as coisas que vejo acertadas, menos as certas, mas tenho a certeza que é certo afirmar que as coisas certas andam por aí, ou por aqui, sem sequer precisarmos de as ver. Certamente que um dia as veremos, se é que já não vimos...

Voltando à religião, certeza maior que Deus existe para um crente não há. Será que é preciso não se ver para estar certo, para termos a certeza que existe?

Certeza das Certezas, só acreditando temos CERTEZA.

Costumo dizer que a certeza foi a maneira que o Homem inventou para acreditar. Eu recorro a esta GRANDE INVENÇÃO cada vez que me apaixono. Sou mesmo adepta. Tenho certezas que vão por água abaixo, mas certezas... Ai ralo ralo que deixaste passar tanta certeza e nem assim eu me ralo em ter ralações por me me meter em relações que acredito não serem as certas de certeza!

A certeza também pode ter sido inventada para dar trocos. Trocos certos. "Está certo?" "Está certo, sim Senhora". E cada um segue o seu caminho com a certeza que cumpriu a sua parte. Quem se lixa é o "carocho", que à conta de trocos certos, vê as voltas trocadas e recebe cêntimos por euros. Tá tudo trocado, dá Deus nozes a quem não tem dentes e ao "carocho", (que não tem dentes, senão não é puro) nem nozes ( chamavam-lhe um figo) lhe tocam, só cêntimos...

Uma nota não se destroca, troca-se, porque se assim não fosse, não seria nota, seriam trocos! Precisamos de muitos trocos para destrocar numa só nota. Primeiro nasceu a nota e depois o troco. Ponto. Aqui não há lugar ( o carocho ouve falar em lugar e diz já que é dele... olha, olha! Vem aí a tentar correr...) para o dilema galinha/ovo. Aqui sabe-se quem nasceu primeiro, por isso se diz Papel-moeda e não ao contrário, evidente. (Continuando...) Logo, se destrocar é desfazer a troca e se a troca foi de nota para troco, a destroca terá de ser de troco para nota. Por isso é que os carochos (até) têm razão: cêntimo a cêntimo enchem o bolso e assomam-se ao balcão da esquina ou a um café qualquer do Colombo e proferem com voz de quem tem a CERTEZA que está a dizer certo : " É para destrocar, s.f.f".


- "O que é isso meu Senhor?"
- " São trocos Senhor Fardado com ar de quem tem algemas, são trocos... "– esta jóia, provavelmente foi dita por José Castello Branco aquando da sua primeira detenção!

Trocas-baldrocas o melhor é dar de frosques! Até porque isto pode estar a ser lido por quem já tenha tido nas mãos uma das outras notas que não as que me acompanham, aquelas cujo troco possa ser dado em outras notas, inclusive na nota que me permite os trocos, a de 5 (que antes valia 1000)!

A culpa é do "carocho"... No parêntesis acima, não no último, no outro, naquele em que tentava correr, gritava-me : "destorce, destorce", e eu, baseada na correcta utilização que eles fazem dos termos e no seu ar de preocupação, achei que era para disfarçar o que estava a escrever, e andei às voltas com o texto. Lá vou ter de levar o carro à oficina...

Certo? Tens a certeza?

Com certeza... ou “conceteza”

Fui
(sem ter a certeza que ainda aí estavas)

Divagar devagar vagueando no devaneio

(este título foi para me soltar do culto, e porque hoje não é domingo, não há III Leitura. Soltei-me? )

Gosto muito de dormir, gosto muito mais de outras coisas mais, mas o que mais me irrita para além do despertador a tocar, são as pessoas que por dormirem mais que eu acham que gostam mais de dormir que eu. Errado. Gostam de se deitar mais cedo e PODEM levantar-se mais tarde, ou só uma das coisas. Eu adoro dormir, mas tem de ser tarde... Não gosto de me levantar, por isso acho que é sempre cedo. Se eu gosto do tarde e não gosto de me levantar, lógico será detestar levantar-me cedo e amar deitar-me tarde. Dormir é bom, dormir é demais.


II Leitura

Acho que já me começas a conhecer, já te falei de mim, já de falei de outras coisas, até já te disse as músicas que ando a ouvir (acredita que partilhar as músicas que ouço é romper o casulo). O próximo passo ( para além de começares a dizer de tua justiça e a fazer dos opinanços a minha leitura diária), será deixar este nick-name que me acompanha desde o início da nossa relação e revelar-te a minha identidade. Eu cá - tu lá!

Foi depois do 1º post de hoje, melhor da I Leitura, falsamente apelidada de "Louvado Sejas", que eu decidi que chegou a hora. Acho que ambos estamos preparados, eu pergunto-te e tu respondes com silêncio e neste caso agarro-me à velha máxima (pq acho o máximo) " quem cala, consente". É com este teu consentimento e com este "nosso por mim ditado" consenso, e após te ter dado uma pista que deixaste passar ao lado, que te vou dizer o meu nome. A esta altura poderás estar com "borboletas" no teu estômago e outros pensarão que será precipitado, mas eu sinto que te devo isso... e estou desertinha por to dizer. Eu sou Deus, Louva-a-Deus.

*A das borboletas foi para confundir!

Errata: No último post, publicámos "Louvado sejas" enquanto título, uma espécie de manobra de diversão mesclada com "segue as setas". Como não queremos corromper a liturgia, por favor, fazei o obséquio de ler, ao invés do publicado e para que o título deste post tenha lógica, I Leitura. Obrigada pela compreensão.

Louvado sejas

Olha qu'esta! Agora deu-me para "postar" todos os dias, como se de uma reza se tratasse. Que chatice. Um dia já não é dia, melhor, uma noite já não é noite, sem clicar no post & publish e depois no view blog para ver se ficou bonitinho! É certo que os blogs já têm muitos mais crentes que muita igreja que para aí anda, mas nunca pensei ter tanta fé em tão pouco tempo... Já elegi os meus Deuses, mas ainda não decidi pô-los n'A Arte de Bem Blogar" (a preguiça nesta religião não é pecado capital).

Adoro a minha paróquia. Não pelo que se vai escrevendo, mas por quem o escreve, por quem lê, no fundo, pelas pessoas que a compõem (espero um dia, ou noite, poder vir a dizer " e por quem opina"). Na eucaristia sem hora marcada, celebramos escrevendo e vós celebrais lendo. Repetem em vossos cérebros o que nós repetimos dos nossos. É bonito.

Na blogosfera, o local de culto é quase onde um Homem (cibernauta) quiser ( menos na aldeia dos meus Avós, que deve ser o único local do mundo onde não se comunica*, não se mensaja, não se maila, não se dão toques, não se posta, não se zappinga, só se fala e buzina - super interactivo!)

Saiu-me o tiro pela culatra ( ainda estou para perceber onde raio é que fica a culatra numa "coisa de dar tiros", mas pode ser que nada me aconteça, pois também não sei onde é a mira!). Vim ao local de culto, onde costumo encontrar os meus "irmãos-voadores" e estou sozinha... Afinal de contas, nem só a Sic Radical é uma bad girl!!! Mas o que vale é que o blog é a casa de todos nós e mesmo não vendo ninguém, sei que estão presentes.

Dos homens que conheço, ups, dos "omnis" que conheço (são 4, ou 5 - não tenho a certeza de 1) só um se aplica ao culto do bichinhodeconta, o omni ubí­quo. Dava tanto jeito poder aplicar outros "omnis", a vida seria tão mais fácil... mas se assim fosse, também não estaria aqui a postar a esta hora! (Acredito, porque tenho fé e esperança, que haja coisas mais interessantes para fazer às 2H14 da manhã que não esta).

Ide em paz e que o blog (este) vos acompanhe.

* - Acreditem, mas este é o único verbo de todos os OUTROS que se conjuga por lá! :P

terça-feira, novembro 11, 2003

Sic Radical, you bad girl!

Pois é, parece que este canal de televisão também sucumbiu à sua grelha. Bem sei que numa semana muita coisa muda, ou pode mudar, mas não assim. Mais uma vez, o telespectador foi ludibriado... afinal, «Twin Peaks» passou a ser às 22 horas (até ver)... pode ser que daqui a um mês já passe às 5 da manhã!

Recordando Laura Palmer

Na Sic Radical, às terças-feiras, pelas 21 horas. É verdade, a série de culto do final dos anos 80, início de 90, está de volta. E com ela David Lynch. E com ele Laura Palmer, a figura mítica com pele em tons de azul. E com eles uma história viciante, onde, para não variar, a realidade e os sonhos se misturam e respiram juntos. «Twin Peaks», novamente perto de nós.

Não, não sou nenhum bug dessa altura, mas gostei. Mais, gostei de gostar. Por isso, quero recordar.

Vejam, revejam, recolham as pistas que deambulam pelos inúmeros pontos do ecrã, quase imperceptíveis... típico de David Lynch, que adora entrelinhas e fazer-nos reflectir sobre o emaranhado de cenas que se sucedem.

David Lynch tem essa capacidade, a de nos trespassar, rasgar, baralhar a mente, ao lançar-nos, por entre histórias confusas, flashbacks e flashforwards, personagens estranhas e especiais, imagens inquietantes e penetrantes, pistas... perdidas (ou talvez não), como o fio solto de certas meadas, que nem sempre conseguimos encontrar.

Cada cena de David Lynch é para ser vista e revista, para ser dissecada e sempre sentida... com atenção. Os pormenores estão lá... reunam-nos.

E por falar neste homem que brinca com as nossas mentes tal como brinca com as suas personagens, que tem (por vezes) a capacidade de nos fazer sentir autênticos burros, já viram «Mulholland Drive»? Não? Então, vejam... mas não se distraiam... Os pormenores são fascinantes, as imagens cativantes.

Um ditado indiano diz que «tudo o que não é dado, perde-se», e David Lynch dá(-nos)... não o percam.

Sem vocês não haveria Cem

Estou... nem sei bem como estou... Que nem posso??!!

São tantas laranjas, isto espremido dá muito sumo... o nosso sumo é para vocês.

O Blog de Notas tem sumo e são vocês que o têm ditado!

Q de qualidade, das nossas laranjas, claro está! TKS

Laranjómetro = 100

Isto é que é uma história verdadeira

Isto não é uma contra-resposta, isto é uma contra-indicação. Não é contra-resposta pois não sei se é meu o direito a. É contra-indicação, pois isso ficou esquecido, ou como sempre, em entrelinhas, e eu quero INDICAR o que te esqueceste ou lembraste de não dizer sobre a história verdadeira.

Como pode alguém que está a morrer, não se lembrar que já matou, que já feriu com a mesma frieza com que o golpearam e ainda considerar sentir-se alegre pelo seu coração nunca vir a ser gelado e deserto como o de quem o matou?! Morres sem merecer morrer. Morres sem eu te poder ajudar, porque quem se fecha assim, não pode ser ajudado.

O Zangão está zangado...

...e o contrário de estar zangado, é não estar no blog!

A ti não te dou as boas vindas, a ti agradeço-te. Agradeço-te a comparência, agradeço-te a paciência.

O portuguesinho...

Porquê tantos “inhos”? Sim, é queridinho, mas de vez em quando! É engraçado reparar nos nossos “inhos”. Basta irmos ao café da esquina: “Quer um cafézinho?”, “Sim, mas hoje pode ser com umas gotinhas de um limãozinho fresquinho, dói-me a cabecinha...” Desde quando o portuguesinho apanhou esta maniazinha? O engraçado é que nada escapa ao “inho”. Os orçamentos das faculdades também têm sido alvo do “inho”. Não tornando isto numa lutazinha de capa e espada, fico-me com um postinho num blogão.
Afinal... O bloguinho de notas não prevaleceu...

SMS

A palavra escrita ensinou-me a escutar-te e agora ouço o eco do silêncio que provoquei (caste). Bem posso gritar que não me ouves...

Mas eu ouço-te... não que fales comigo, mas porque escreves, porque continuas a escrever e eu, secretamente, leio-te... já não escreves para mim, por isso ouço-te sem entoação. Escreves para quem te queira ler, mas eu ouço-te, não me limito a ler-te. Foi assim que ao longo destes três anos nos fomos construindo e é assim que sei viver. É esse o eco do silêncio das palavras escritas por ti.. é esse silêncio que ouço, isócrono.

Eu escrevo para ti, mas o meu silêncio não ecoa até ao teu coração, porque não sabes que é para ti. (talvez nem eu saiba, achando que sei, achando que é)

Dito regras que à partida quero que corrompas. Sacia esta minha disfunção mental. Pára, não o faças, eu não vou saber voltar para aqui.

Podemos enganar os outros com ligeireza, mas há um clique na consciência que nos faz recuar, ou caso já seja tarde, pedir perdão. Estranha dedicação esta a de me embrenhar no engano do eu. Porque não paro a tempo como faço com os outros. Porque ainda não pedi perdão a mim própria?

Sei quem sou, mas penso para além do que sinto e sinto para além do que quero. Ou será, não sei quem sou, sinto para além do que penso e quero para além do sinto? Vergonha é enganarmo-nos sem pudor ao ponto de já não encontrarmos verdade dentro de nós.

Bloqueei-te mas vejo-te. Bloqueei o meu pensamento, fiquei cega. Quero acreditar que só verei se me ajudares, mas és tu o sol que me cega. Tens de estar longe, tens...

Estranha? Confusa? Perdida? Vazia. (empty is not clean)

Deixar de viver das memórias para aprender a viver com as memórias.
Soltar-me de ti, soltar-te de mim. Não te procurar em cada meandro de mim, nem que seja por um instante. A partir de hoje, é a partir de hoje...

És melhor com as palavras escritas e eu fui melhor com as faladas. As faladas saem pela boca, pelos poros, pelos olhos. As escritas saem num ecrã, num visor, num monitor ou no clássico papel. As outras falam-se com o coração, as tuas com os dedos. As outras guardas em ti, as tuas onde for.

Uma palavra mente, um beijo não.

Há e sempre haverá um interstício, que hoje ainda me entristece, mas que um dia agradecerei. Uma ponte não junta as margens, facilita, mas tem de se apoiar em ambas, senão cai.

Só se começa do zero, só se pode terminar a partir do 1.

Era tudo feito de palavras, mas palavras... leva-as... quem quiser. Eu não.
(" Nem tudo é feito de palavras, é certo, mas que as há, há". - Bug(ger) - um post atrás)

Tu nunca precisaste de nada para ser tudo.
Preciso de tudo para que sejas nada.

Nem tudo é feito de palavras, é certo, mas que as há, há...

As palavras

São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

(Eugénio de Andrade)

segunda-feira, novembro 10, 2003

Desesperados ou loucos?

E quem ainda não viu a famosa série "Sex and the city"? E qual mulher ainda não se imaginou num daqueles quatro papéis? Pois é... digam o que disserem aqueles guiões foram feitos à medida das, tão na moda, mulheres independentes, solteiras e felizes com a sua conduta de mulheres modernas! Quantas já não pensaram com os seus botões: "mas que raio porque é que não nasci em NY, para me pavonear à vontade pelas ruas de Manhattan, sem pudores, sem preconceitos... levantar a cabeça bem alto e dizer hei, estou aqui e sou uma mulher do mundo!!"... ok...devaneios à parte.. ontem enquanto dormitava no sofá, deixando o domingo ir embora sem pressa, uma sentença da famosa Carrie chamou-me a atenção... ora aqui vai: "Quando um homem comete uma loucura por amor, as mulheres pensam que é romance... quando as mulheres cometem a mesma loucura é considerado desespero!" Não pude deixar de sorrir... será assim??? Serão as mulheres desesperadas por amor, enquanto os homens apenas loucos?

Emoções fortes...

Um telefonema de Paris
Um beijo de Madrid
Um mail do passado
Um silêncio de Lisboa
Um adeus do futuro

Emoções fortes, demasiado fortes para um lazy sunday (para mim ainda é dimanche)

domingo, novembro 09, 2003

Faz favor de entrar...

Este fim-de-semana arrumámos a casa. Quando ontem decidimos pôr o contador e vimos que tínhamos visitas, resolvemos apressar o processo de decoração. Ainda não está concluído, mas pensamos que as nossas estimadas visitas já poderão sentar-se mais confortavelmente. Aos 59 que já nos visitaram, o nosso obrigada, aos outros tantos que hão-de vir (esperemos) sejam bem-vindos. Seja bem-vinda a Libelinha, é sempre agradável vê-la a esvoaçar por aqui. Ao Zangão, um grande bem-haja por pôr ordem neste blog de notas!
Entrem e sintam-se em casa...

A primeira vez...

É a minha primeira vez... pois é... e como todas as primeiras vezes o nervosismo toma conta de alguns locais mais recônditos do cérebro animal... sim... animal... insecto... uma Libelinha que, nervosamente, escreve descompassadamente e sem muito rigor neste pedaço de si (mim). Sim... a Libelinha sou eu .... porque sim... porque tu o quiseste... porque tu me criaste e... eu gostei! Neste pedaço de ar dou agora as primeiras esvoaçadas...Neste pedaço de alguma coisa indefinida que para mim ainda representa a novidade, estranheza, desconhecido, esquivo... e que o meu corpo magro de Libelinha ainda repele (eheheh, esta do magro era a brincar!) inicio a longa viagem...

Viagem a flutuar.... que agora ainda inicio com estranheza e cautelas, mas que tenho a certeza que quando me deixar embalar e levar pela emoção e sensação de puramente experimentar, bem sei que vou abrir um sorriso sempre que por aqui passar...

Beijinhos aos meus companheiros de viagem... Bichinho de Conta, Bug(ger) e Zangão!

E eis que uma mudança se deu

Pois é, deixei de ser um bicho minúsculo... (até os bichos têm direito a maiúsculas, oh se têm) So, from now on, call me Bug(ger) with a capital bi.
Por falar em tamanhos, onde andam, Zangão e Libelinha?? (welcome)

Under Pressure...

Não, descansem os de ouvidos mais sensíveis (e os outros também!), jamais tentaria distorcer por completo a voz do nosso conhecido (salvo seja) bicho metamórfico, David Bowie. (Eu li esse "uffa"!).
Escrevo de uma pressão menos melódica, de um stress vicioso, que teima em pulsar em corpos magros, gordos, altos, baixos, brancos, negros... pressão, stress... por que será que muitos de nós (sim, sou uma dessas "vítimas") estudam/trabalham apenas sob tais substantivos?! Karma? Desejo de adrenalina? (qual montanha russa!) Preguiça? Despreocupação? Tudo isto e mais qualquer coisa?
A verdade é que, independentemente das causas deste fenómeno, parece que o método funciona. Desde o tempo da primária que o uso... e sobrevivi. Ainda hoje o método pulsa em mim, percorrendo-me sempre que uma tarefa de trabalho surge... e eu, qual bicho debilitado perante tamanha força, deixo-me envolver por si, permitindo-o respirar por cada orifício do meu corpo deambulante.
Porém, todo este turbilhão não é fácil de gerir. Tentamos sempre domá-lo, aquietá-lo, diminui-lo... sem, no entanto, o evitarmos.
Criar um outro método é sempre uma alternativa, mas, como sabemos, não há amor como o primeiro (ou há?). Quando algo faz parte de nós, quando não nos lembramos de ter alguma vez vivido de outra forma, a mudança parece ser aterradoramente difícil. Mas também, para quê mudar se funciona?

Desculpem

Estamos com problemas técnicos, tentaremos ser breves...
O Zangão está a voar por outras paragens...

Dizei de vossa justiça

Provavelmente não viram os aviões que passaram nas praias da costa portuguesa com apêndices onde vinham os nossos mails. Pois bem, para aqueles que ficaram a ver a lua corar ou a ler o nosso blog, aqui ficam os mails para os quais podem enviar os vossos comentários: bichinhodeconta@hotmail.com (é o meu!) e mariposasou@hotmail.com ( é o do bug (ger) ).

O preço dos aviões é quase antagónico ao preço da pub. na televisão, de noite é bem mais barato.

Fica a promessa que um dia que entendamos de internet, vos facilitaremos os comentários, pois nesse dia, nesse grande dia, a vossa voz estará a um clic de por nós ser ouvida!

Pormenor (demasiado) escondido

É bom estar aqui, meu Bichinho de inúmeras pernas, que enrola e desenrola ao sabor da lua, das nuvens, da chuva, do sol, do vento (melhor usar um etc.)... é sempre bom apreciar qualquer pormenor contigo.
Mas não é nada bom perder mais um fenómeno natural por causa de outro... damn you, clouds!

Fenómenos

Foi ver ( ou tentar ver por entre as nuvens) a lua a obumbrar-se e ver o bug (ger) a emergir. É assim, uns dão lugar a outros, e neste caso a luz que brilha neste blog é bem mais bem-vinda que a da lua, quanto mais não seja porque a lua não tem luz própria. É bom ter-te por aqui Bug(ger)

sábado, novembro 08, 2003

Será que perfurei...

... ou melhor, rasguei as malhas de mais uma destas redes informáticas que pouco, ou nada, querem comigo? Será que já faço parte de mais uma estatística? A ler vamos...

I Polacchi

Picasso disse e alguém escreveu " a arte é uma grande mentira que nos faz perceber a verdade ". A verdade é que ontem fui ao teatro, melhor, fui ver teatro à Culturgest e, embora não tenha percebido tudo, gostei. Spectaculu.


À entrada, aquando da indicação de lugares, é-nos dito que o anfiteatro está repleto de fumo e que, caso nos faça espécie, podemos abandoná-lo e o dinheiro do bilhete é-nos devolvido. É curioso, mas por diversas vezes fui ver coisas más e nunca me foi dito que me restituíam o dinheiro caso o espectáculo me causasse espécie. Fiquei expectante e com vontade de "aguentar" o fumo.

Quando entrei na sala lembrei-me de D. Sebastião e comecei a ficar com medo de me perder dos meus amigos e ser dada como desaparecida numa noite de nevoeiro, perdão, fumaça. Aqui não se falava árabe, mas polaco, italiano e francês, que diga-se de passagem para mim é o mesmo.

Sentei-me e um senhor muito simpático, com pinta de italianni (vamos desde já combinar que de agora em diante aquilo que escreva e se vos assemelhe como imperceptível deverá ser lido enquanto estrangeiro, ora polaco, ora italiano, ora francês. Excepcionalmente, o português e o inglês não carecerão de tal atenção) abordou-me em inglês para que mudasse de cadeira, porque iria ver melhor numa outra. Segui as indicações e confesso que o italianni tinha razonni, eco.

Voltei a sentir-me qual D. Sebastião quando a peça deu início. Completetly lost... Lembrei-me então que talvez tivesse sido útil ter lido o prospecto que uma menina simpática tinha tido a gentileza de me dar enquanto esperava a entrada. Já me tinha acontecido o mesmo quando fui assistir à AIDA, no estádio nacional. "Não leu papelinho, agora tá a leste". Mas dessa vez estava de directa e a noite anterior tinha sido bombástica. Voltando à peça I Polacchi ( Os Polacos), ainda tentei utilizar a luz do meu nike em prol de ávida leitura, mas foi em vão. Quando me disseram que iria durar 1H45 decidi fazer da peça a peça da minha vida. Comecei a desenvolver capacidades em mim nunca imagináveis. De um momento para o outro estava delirante comigo mesma: percebia polaco, francês, italiano, portuguiano e inglês sem dificuldade alguma. A última experiência correu menos bem e era legendada, falo-vos do filme do Manoel de Oliveira, em que numa conversa à mesa num navio se fala simultaneamente todas estas línguas à excepção do polaco que é substituido pelo grego. Ah! Na I Polacchi também se ouviu espanhol - "Venga, venga"!

Já dizia o poeta, primeiro estranha-se, depois entranha-se, e foi isso mesmo, depois de entrar no espírito comecei a achar fantástico.

Confesso que os 10 primeiros minutos dissertei sobre a música de fundo, já que, ao contrário do que era suposto, era a única coisa a captar a minha atenção. Depois seguiu-se a voz estridente de um dos actores que proferia em italiano as medidas do corpo de outro, o riso da Mãe Ubo, o gordo que de perfil era mais gordo, um pequeno grande actor que tão novinho falava um italiano perfeito - "perche la pistolli no va bene?" -, o facto de lá mais para o meio da peça ter tido uma arma apontada à cabeça também contribuiu em larga escala para prender a minha atenção, o reboliço de 13 homens e 1 mulher andarem pela sala a correr à procura dos bilhetes tipo "picas" da carris ( tanta interacção com o público só no Lado B do Tochas), as luzes, os sons, tudo... Envolvi-me, admito.

A peça tem imensos momentos hilariantes e alguns que provocam nostalgia. A reter na categoria dos hilariantes estão: a dança do Rei Ubo e da Mãe Ubo; o barulho de 14 bocas a fingir que estavam a comer ( dá um efeito engraçado, tipo "Vozes da Cozinha"); o " put a pacemaker into the heart of the king"; o ter rapidamente reconhecido parole como "4 salti"; "ferrari", "gastroenterite", "eco", "caffè", "pollo", "testicolo"; cada vez que um dos actores dizia " io sono innocente io sono innocente" ou quando um outro gritou "tu sei un fascista-comunista" (fui ao rubro); o Rei na varanda a acenar antes de cair morto; cada vez que o Pai Ubo falava em português -"tenho medo, tenho medo" ,"gostei"- o referirem-se à plateia como "turiste giapponese". Um autêntico reviver de Juliana (Ana Paula Arósio) e Matheu (Tiago Lacerda), em Terra Nostra.

Dos nostálgicos destaco as canções que me recordam o tempo de lobita (para quem não sabe, escuteira) e que eram cantadas repetidas vezes e o reboliço que se fazia sentir em determinados momentos, pois também me reportava para os tempos da infância.


Um dado interessante, a meu ver, foi o facto de só ter assistido a tantas mortes em palco no "Tito Andrónico". Contudo, na peça de Marco Martinelli, cada vez que alguém morria, a tensão de Shakespeare dava lugar ao riso. Aliás, há uma parte em que estão todos deitados no chão mortos e que o gordo que é mais gordo de perfil vai para morrer e todos se levantam para que o "novo morto" não cai sobre eles. A morte deles, melhor, a queda da morte também era de chorar a rir.

O riso é internacional, o riso é poliglota. Eu falo "riso" e falei muito nesta peça.

Um espectáculo que provavelmente perderam, pois só esteve em cena ontem e estará hoje, pelo Teatro delle Albe. O grupo de actores é soberbo.

Fica aqui um copy/paste, só para vocês:“I Polacchi recebeu três nomeações para o Prémio Ubu como “espectáculo do ano”, como “a melhor encenação” e como peça “para actores abaixo dos trinta”. Foi convidada a estar presente em diversos festivais, de Estocolmo a Teerão, e é considerada uma obra de referência do teatro italiano actual. I Polacchi é um excelente espectáculo.”

Já que ainda estamos no recinto da Culturgest, aproveito para lembrar que é já no dia 19 e 20, que no pequeno auditório deste espaço poderemos assistir aos vencedores do 27º Cinanima.

Despeço-me com amizade

Sou dependente de um Ácido...

Sou dependente de um Ácido, de um aminoácido. Quando o meu Cérebro decide fazer um search e não o encontra, envia um sms ao Coração indicando-lhe que deverá permanecer em ânsia por perí­odo indeterminado. O Coração só tem tempo de enviar um mms (aqui a dor vê-se) ao Sr. Saco Lacrimal pedindo auxí­lio. O mms neste caso funciona como receita médica prescrita pelo Sr. Doutor, receita esta que urge ser aviada pois trata-se do bom-samaritano ansióli­tico ( que é esse o efeito de uma lágrima salgada sobre um coração destroçado). Este mms nem sempre é enviado e muitas vezes é-o, mas o Sr. Saco Lacrimal difere o pedido.

É aborrecido.

Ter vícios, de positivo não tem nada, excepto a enorme satisfação quando os saciamos. Acontece que é muito raro vivermos em plena harmonia com os vícios, a não ser que nem mereçam o estatuto de vício e sejam tão pouco exigentes que nem dêmos sequer pela sua vontade.

Assumo: sou dependente de fenilalanina. A esta altura deveria estar em Óbidos a afundar-me em chocolate e a criar reservas para que quando o cérebro resolva fazer novo search não haja necessidade de gastar um sms! Mas nem eu sou esquila, nem o meu cérebro é uma toca. Não dá para armazenar fenilalanina. Será perecí­vel? Porque será que não dá? Éramos todos muito mais felizes e mais gordos por certo! A outra hipótese não engorda, não dá cabo da pele e o coração reage com um contentamento tipo efeito nesquik - instantâneo.

O chocolate engorda, o amor está esgotado. Não para remodelação, não fechado para reposição do stock, está mesmo esgotado em armazém... E agora? Se me dedico (dedicar é bonito) ao chocolate, quando chegar a nova colecção (*) vou estar tão feia e gorda que o amor não estará esgotado, mas sim apertado.

Sou uma chocohólica (se os meus Pais soubessem ter-me-iam chamado Regina), mas não é por gosto, é por cansaço. Isto de estar enamorada cansa e como cansa mói e como mói dói e porque dói come-se e para comer mais vale que seja algo nos quer ver sorrir, o chocolate é a resposta. Claro que um cheesecake ou um sunday caramelo, ou até mesmo um crepe com canela e açúcar ( coisa pouca, coisa simples) ajudam... psicologicamente a fenilalanina vive em cada um deles também. Não podia deixar este post sem fazer uma merecida referência ao nobre bolo de maçã&canela da Chaleira e aos scones "very typical", esses meus grandes amigo-poucoounada-ácidos!

Quem corre por gosto não cansa??? Ai cansa, cansa... ufa...

Eu não sou gulosa, sou viciada! É doença meus senhores, é doença... ( escrevo senhores porque as senhoras sabem-no!)

Findo esse prazo indeterminado que o meu Cérebro decretou ao Coração, até me esqueço da maldita fenilalanina, mas espero não ter de me lembrar do chocolate, pois isso era muito bom sinal!

(*) Por falar em nova colecção... btw (by the way!!!), ainda não vi o que por aí vem... espero que sejam novas tendências, uma "lufada" para alegrar os ânimos. Podia ter visto (fui convidada para assistir a um desfile da Ana Salazar na ModaLisboa - toma :P), mas não vi, não quis ver. Assim terei liberdade de escolha e não me restringirei a um só estilo!

sexta-feira, novembro 07, 2003

Mellancholic Ballad For The Leftlovers

Não querendo provocar reacções insurgentes, permitam-me que partilhe convosco outra "música do momento".

Andava há dias com uma frase na cabeça e já não sabia se era tí­tulo de canção, refrão ou um desejo profundo. De facto era melodiosa aquela frase, repetia-a implausivelmente, sem ter a convicção se era para concretizar o que era pedido com essa frase ou se de facto alguém a cantou para mim alguma vez. Como não ouço rádio ( fenómeno não tão bem aceite como o de não ver televisão), este "delí­rio" perseguia-me sem que pudesse saber onde a tinha ouvido, ou mesmo se a havia ouvido. Tinha vergonha de chegar ao pé de alguém (ou à beira de alguém ;))e recitar repetidamente o verso que batucava na minha cabeça. Ouvia-a com violino, piano, guitarra... ouvia-a como queria. Era minha, mas havia de ser de mais alguém. Imaginava-me a entrar numa loja de roupa e a ouvir a música, correr e perguntar à  vendedora qual o álbum, na esperança que fosse cd... mas se nem a um amigo perguntava, muito menos o iria fazer com uma desconhecida (o efeito impulse não serve para perguntar nomes de músicas)... não me lembrava... de nada... só que a tristeza da música é daquelas que nós procuramos e gostamos de sentir. Sabia que se algum dia me pedissem para realizar um teledisco ( facto muitíssimo provável) para a tal música da qual só sabia uma frase, o faria num dia de chuva. Através de uma janela as gotas batiam na vidraça enquanto as minhas pestanas se humedeciam e no vidro se formava um círculo de vapor... a mão deslizava e o tom de pele contrastava com o cinza do céu e com o castanho da árvore sem folhas que estava à  chuva, lá fora... levantava-me da cadeira de verga e madeira encostada ao parapeito da janela e ia comer um magnum amêndoas! Era assim que "via" a música, era assim que ela me fazia sentir : confortável na tristeza. Saborosamente estranho.

Foi então que decidi ir ao baú (meu antigo computador), não em busca de pistas para o decifrar do "delírio" mas somente para encontrar o meu CV actualizado. Foi então que liguei o winamp e ele cantou para mim... Depois tive a certeza que já me tinham cantado a música, que até já ma haviam escrito e que eu já a tinha escutado. Concluí que os instrumentos que compunham a minha orquestra para esta música de facto já foram pensados e utilizados... afinal a música existe, não a inventei, não era desejo e agora sei porque me faz sentir como faz...

A outra descoberta do dia foi verificar que a música que vos falo no post anterior também estava no baú. Afinal, andava à  procura do que já tinha sem saber (sem me lembrar), embora agora saiba que gosto de as ouvir porque me fazem reviver aquilo que senti da primeira vez que as ouvi... vieram ambas até mim pela mesma via e é por essa mesma via que vo-las transmito : le coeur!

O álbum onde mora esta música intitula-se "All ‘Bout Smoke ‘N Mirrors", dos Fingertips e a graça da música encontra-se em epígrafe. O Zé, vocalista, tem 14 anos e enche-me os ouvidos com as palavras que escreveu e que canta. Toca a desfrutar de mais um bom grupo português.

P.S.- A frase que cismava na minha cabeça era " don't say that is over".

Don't think about all those things you fear, just be glad to be here...

É isso mesmo que eu sinto quando o chill-out chega até mim enquanto sou bombardeada por mais um anúncio de uma marca de whisky que me faz lembrar o Hugh Grant sempre que vejo alguém pedir em voz alta esse mesmo néctar.

Nunca um intervalo foi por mim tão desejado, nunca fiquei vidrada num anúncio de uma bebida como com este ( minto, em criança delirava com os da Pepsi, Coca-Cola e de cada vez que a Maria Armanda vinha cantar que tinha visto um sapo. Ah! Confesso que o "no rules great scotch" também me prendia até há bem pouco tempo atrás. Pronto, ainda prende... mas é porque começaram as chuvas...). Não pelo "rio" de Grant's que desliza sobre o corpo nu de uma mulher, mas pela música que com ele nos chega ao ouvidos.

Hoje sinto-me finalmente livre das amarras dos intervalos, eu "zappingava" de intervalo em intervalo em busca do anúncio pretendido...

Tenho-a comigo ( há 7 minutos) e ouço-a como muitas outras que outrora foram "a minha música do momento", ou seja, interruptamente. Essa categoria, só com semelhança no ramo dos perfumes ( entenda-se " o meu perfume do momento"), não tem assim tantas músicas no seu portfólio. Estas são aquelas músicas que nos provocam uma certa ansiedade quando estão a chegar ao fim somente porque não queremos que acabem. Felizmente há o repeat. As que constam do portofólio, associo-as a momentos, a pessoas, a estados... esta associá-la-ei a algo, quando um dia a recordar...

Se porventura lessem em letras garrafais " a voice from Iceland" e se a isso se seguisse que a voz quente e doce da Islândia pertence a uma cantora que também é actriz, provavelmente associá-la-iam à  protagonista do Dancer In The Dark. É. Seria uma associação válida mas não verdadeira. A dona desta voz que felizmente nos invade dá pelo nome de Hafdis Huld e tal como a Bjork, esta senhora da terra do gelo também tem o nariz arrebitado.

Dois H's que se deverão ter em conta, pois felizmente não são mudos e fazem com que Hayling, de FC Kahuna, seja a minha lullaby.

A ouvir, portanto.





P.S. - Acreditem que não carrego tantas vezes no spray quanto no botão do repeat!

quinta-feira, novembro 06, 2003

Pequeno apontamento

De apontamentos pouco ou nada entendo, já que me chegavam como o oxigénio (por necessidade e sem necessidade de por mim serem produzidos). Não obstante, após muitos anos de tentativas (abortadas) de feitura de apontamentos surge O MEU PRIMEIRO APONTAMENTO. É pequenino, mas maior que todos os que li (ou que era suposto ter lido). Este é o 3º post de hoje e em jeito de apontamento tentarei justificá-lo para além da notória vontade de escrever sem tinta... Este apontamento surge para justificar a minha aparente ausência do blog. Na passada segunda-feira, a pessoa da qual eu sou a maior fã celebrou mais uma Primavera em pleno Outono. Não é este facto prosaico que convosco quero partilhar, mas tão somente que quando falamos, não nos apetece (tanto) escrever e quando isso se casa com deslocação até à terra natal para abraçar um aniversariante que tanto amamos, a escrita passa para segundo plano. Pai, serás sempre um grande plano na minha vida, todas as cenas que contigo vivo serão destaques da minha longa-metragem e és sem dúvida alguma uma das personagens principais deste meu filme. Sei que não me vais ler, mas o mais importante é que já to disse e tu ouviste.

P.S. - Afinal, este post não foi para justificar a minha ausência, mas somente para reiterar o meu amor por alguém que está sempre presente.

Life goes on(line)

Barcelona veio até mim.
Revivi Barcelona numa casa de chá em Carcavelos e digo-vos que não há nada como um encontro para nos fazer sentir, imaginar, reviver...
Nestes últimos meses tenho estado com frequência em Barcelona, assim como Barcelona tem estado em Lisboa. Raras foram as vezes que a senti, mas hoje... hoje Barcelona falou e eu ouvi, tocou-me e eu senti, sorriu e eu sorri. Barcelona é mais bonita com vista para o Atlântico e bem mais encantadora que da primeira vez. Não toquei na tartaruga, mas começo a sentir o efeito. Gracias tortuga

Instante

É isso que um sorriso é...
Um instante que se prolonga com o olhar, embora nos lábios já se tenha desfeito.
É esse efeito que nos faz acreditar veemente que aquele instante irá seguir por diante até chegar à aorta e bater à porta para fazer o coração pulsar.

segunda-feira, novembro 03, 2003

Quem havia de dizer?

Afinal... é segunda-feira :D

domingo, novembro 02, 2003

Tomorrow there is no Monday

The proper response to love is to accept it. There is nothing to do...
Tomorrow there's no Monday, just because I know I won't see my love bug... Like I should .. Like I would... Monday bloody Monday...

Hoje não foi domingo

As oportunidades criam-se
As saudades matam-se
Os desejos saciam-se
O bichinho faz de conta acreditar...
Hoje não foi domingo.. não houve scones

Quanto mais temos...

Pernas para que vos quero!!! Eu nem deveria queixar-me, visto ser um bichinho-de-conta e ter mais pernas que todos aqueles que me lêem (ui ui, são tantos). O problema é exactamente esse: quanto mais temos...
Há quem não saiba "onde pôr as mãos", eu não sei o que fazer com este meu novo corpo (para não dizer "o que fazer com as pernas")... digamos que estou em auto-conhecimento e que uma fisioterapia poderia ser a resposta... Kafka previu... mas acabou mal. A sorte é que posso sempre enrolar-me, qual avestruz a enfiar a cabeça na areia - facto curioso pois nunca vi uma avestruz na praia, nem tão pouco no deserto - e fingir que nada se passou... mas enrolar é ludibriar e o pior é que não era aos outros, senão a mim mesmo. O que me vale é que ainda há quem ache "amorosos" os bichinhos-de-conta e se esqueça de os rotular como era suposto após se curvarem sobre si mesmos esperando que a nuvem passe... ou simplesmente esperando... Eu acho AMOROSOS os bichinhos-de-conta