A palavra escrita ensinou-me a escutar-te e agora ouço o eco do silêncio que provoquei (caste). Bem posso gritar que não me ouves...
Mas eu ouço-te... não que fales comigo, mas porque escreves, porque continuas a escrever e eu, secretamente, leio-te... já não escreves para mim, por isso ouço-te sem entoação. Escreves para quem te queira ler, mas eu ouço-te, não me limito a ler-te. Foi assim que ao longo destes três anos nos fomos construindo e é assim que sei viver. É esse o eco do silêncio das palavras escritas por ti.. é esse silêncio que ouço, isócrono.
Eu escrevo para ti, mas o meu silêncio não ecoa até ao teu coração, porque não sabes que é para ti. (talvez nem eu saiba, achando que sei, achando que é)
Dito regras que à partida quero que corrompas. Sacia esta minha disfunção mental. Pára, não o faças, eu não vou saber voltar para aqui.
Podemos enganar os outros com ligeireza, mas há um clique na consciência que nos faz recuar, ou caso já seja tarde, pedir perdão. Estranha dedicação esta a de me embrenhar no engano do eu. Porque não paro a tempo como faço com os outros. Porque ainda não pedi perdão a mim própria?
Sei quem sou, mas penso para além do que sinto e sinto para além do que quero. Ou será, não sei quem sou, sinto para além do que penso e quero para além do sinto? Vergonha é enganarmo-nos sem pudor ao ponto de já não encontrarmos verdade dentro de nós.
Bloqueei-te mas vejo-te. Bloqueei o meu pensamento, fiquei cega. Quero acreditar que só verei se me ajudares, mas és tu o sol que me cega. Tens de estar longe, tens...
Estranha? Confusa? Perdida? Vazia. (empty is not clean)
Deixar de viver das memórias para aprender a viver com as memórias.
Soltar-me de ti, soltar-te de mim. Não te procurar em cada meandro de mim, nem que seja por um instante. A partir de hoje, é a partir de hoje...
És melhor com as palavras escritas e eu fui melhor com as faladas. As faladas saem pela boca, pelos poros, pelos olhos. As escritas saem num ecrã, num visor, num monitor ou no clássico papel. As outras falam-se com o coração, as tuas com os dedos. As outras guardas em ti, as tuas onde for.
Uma palavra mente, um beijo não.
Há e sempre haverá um interstício, que hoje ainda me entristece, mas que um dia agradecerei. Uma ponte não junta as margens, facilita, mas tem de se apoiar em ambas, senão cai.
Só se começa do zero, só se pode terminar a partir do 1.
Era tudo feito de palavras, mas palavras... leva-as... quem quiser. Eu não.
(" Nem tudo é feito de palavras, é certo, mas que as há, há". - Bug(ger) - um post atrás)
Tu nunca precisaste de nada para ser tudo.
Preciso de tudo para que sejas nada.