Que mania esta. Remetem-se ao silêncio e obrigam-nos ao não desenvolvimento. Detesto discutir e não poder prosseguir, porque o meu interlocutor está satisfeito e dá o processo como terminado.
Há sempre algo que ficou por dizer, algo que ficou por perguntar, algo que não foi perguntado ao qual gostaria de ter respondido, há sempre...
Não se pode bater com o martelo numa discussão, pois isso cabe ao juiz e aqui não há lugar para magistrados. Sentamo-nos na mesma cadeira, quer sejamos ou não réus.
O silêncio, o silêncio atrofia-me no sentido lato do termo. Há silêncios que dizem mais que mil palavras, mas numa discussão preciso das palavras. Eu dou-te as minhas, tu dás-me as tuas e vamos jogando assim. Sem as tuas, é como me pores uma mordaça na boca. Não vale. Apetece-me abanar-te quando te calas. Porque te calas? Porque já chega?
Grrrr. Porque é que Portugal não é a Suíça* e eu não subo até um planalto onde possa gritar bem alto e ouvir o meu eco? Parava com o silêncio... Simulava interlocução...
Sócrates falava na dúvida, enquanto motor, enquanto libertadora, punha em dúvida mesmo aquilo que parecia evidente, indubitável. Ora, dúvida é uma pergunta. Há respostas que não encontramos em nós, mas sim nas respostas dos outros. Sabes tudo é? Damn.
Se um filósofo não te diz nada, ouve o anúncio da Vodafone, comunica mais: grita, pula, salta, fala, discute.
Tenho dito.
* reminiscência da Julie Andrews, no Música no Coração.