Na Sic Radical, às terças-feiras, pelas 21 horas. É verdade, a série de culto do final dos anos 80, início de 90, está de volta. E com ela David Lynch. E com ele Laura Palmer, a figura mítica com pele em tons de azul. E com eles uma história viciante, onde, para não variar, a realidade e os sonhos se misturam e respiram juntos. «Twin Peaks», novamente perto de nós.
Não, não sou nenhum bug dessa altura, mas gostei. Mais, gostei de gostar. Por isso, quero recordar.
Vejam, revejam, recolham as pistas que deambulam pelos inúmeros pontos do ecrã, quase imperceptíveis... típico de David Lynch, que adora entrelinhas e fazer-nos reflectir sobre o emaranhado de cenas que se sucedem.
David Lynch tem essa capacidade, a de nos trespassar, rasgar, baralhar a mente, ao lançar-nos, por entre histórias confusas, flashbacks e flashforwards, personagens estranhas e especiais, imagens inquietantes e penetrantes, pistas... perdidas (ou talvez não), como o fio solto de certas meadas, que nem sempre conseguimos encontrar.
Cada cena de David Lynch é para ser vista e revista, para ser dissecada e sempre sentida... com atenção. Os pormenores estão lá... reunam-nos.
E por falar neste homem que brinca com as nossas mentes tal como brinca com as suas personagens, que tem (por vezes) a capacidade de nos fazer sentir autênticos burros, já viram «Mulholland Drive»? Não? Então, vejam... mas não se distraiam... Os pormenores são fascinantes, as imagens cativantes.
Um ditado indiano diz que «tudo o que não é dado, perde-se», e David Lynch dá(-nos)... não o percam.