quarta-feira, novembro 12, 2003

O Cheiro dos Outros

Há cheiros que nos marcam, há cheiros que não deixam rasto.
Há cheiros que deixam rastos de pessoas quando passam, cheiros que teimam em não passar.
Há uma panóplia de cheiros e a eles umas tantas quantas sensações associadas.
Há cheiros que valem por si e outros que desvalorizam o sítio de onde vêm.
Há cheiros que nos transportam e cheiros que nos fazem recuar.
Há cheiros que nos elevam e cheiros que nos apagam.
Há cheiros de água, de terra, de fogo, de ar.
Há cheiros velhos e cheiros novos.
Há cheiros caros e cheiros baratos.
Há cheiros que fazem rir, rir, rir.
Há cheiros que imitam e cheiros de invejar.
Há cheiros de Verão, de Outono, de Inverno e de Primavera.
Há cheiros de pessoas, cheiros de animais, cheiros de plantas.
Há cheiros de perigo e cheiros de bem-estar.
Há cheiros que gosto e cheiros que não.

Os meus amigos dizem que eu tenho cheiro. " Cheira a ti". Eu não sinto. Mas nalguma daquelas categorias há-de aninhar-se. O meu cheiro não é meu. Embora ande comigo é vosso, porque eu não o conheço. Ando com o cheiro dos outros.