Há cheiros que nos marcam, há cheiros que não deixam rasto.
Há cheiros que deixam rastos de pessoas quando passam, cheiros que teimam em não passar.
Há uma panóplia de cheiros e a eles umas tantas quantas sensações associadas.
Há cheiros que valem por si e outros que desvalorizam o sítio de onde vêm.
Há cheiros que nos transportam e cheiros que nos fazem recuar.
Há cheiros que nos elevam e cheiros que nos apagam.
Há cheiros de água, de terra, de fogo, de ar.
Há cheiros velhos e cheiros novos.
Há cheiros caros e cheiros baratos.
Há cheiros que fazem rir, rir, rir.
Há cheiros que imitam e cheiros de invejar.
Há cheiros de Verão, de Outono, de Inverno e de Primavera.
Há cheiros de pessoas, cheiros de animais, cheiros de plantas.
Há cheiros de perigo e cheiros de bem-estar.
Há cheiros que gosto e cheiros que não.
Os meus amigos dizem que eu tenho cheiro. " Cheira a ti". Eu não sinto. Mas nalguma daquelas categorias há-de aninhar-se. O meu cheiro não é meu. Embora ande comigo é vosso, porque eu não o conheço. Ando com o cheiro dos outros.