Sabemos que somos grandes quando a nossa escolha atinge dimensões não desejáveis, ou pelo menos, que estão numa escala bem diferente da indecisão entre em Trinaranjus laranja ou um Sumol do mesmo fruto.
Há uma pressão enorme sobre a escolha. Já não bastava aquela que nós exercemos involuntariamente sobre nós próprios, tinham de vir as outras, todas juntinhas para que o efeito nefasto fosse maior.
É na compra da casa, na mudança de emprego, na escolha da cor do carro, na escolha do namorado, na escolha do restaurante, na escolha do caminho mais rápido, é em tudo. Passamos a vida a escolher e somos obrigados a fazê-lo recorrendo ao botão ultra-fast.
Ficamos sempre com a vontade da tarte de nata, mas no momento em que o empregado nos perguntou, claudicámos e o nosso cérebro enviou mousse de manga cá para fora.« Agora já não dá para voltar atrás... Ou dá? Dá, mas dá mau aspecto, fica mal, o empregado chateia-se. Que venha a tarte, eu até gosto.» Até nos deitarmos, a mousse de manga matuta e até somos capazes de sonhar com um país tropical nessa noite.
Se não houvesse opções, não haveria escolha, nem gostos, nem preferências. A vida era cinza, mas simples. Bem, também não havia necessidade de a pintar assim. Podia ter escolhas, mas menos do que as que tem.
É confuso, demasiada informação para ser processada. As opções deveriam chegar-nos como aqueles cardápios simples, onde não nos perdemos em saber qual 100 dos pratos que adoraríamos degustar nos apetece agora. Ou sim, ou sopas, ou carne ou peixe.
Como não há solução, e como temos de levar com o bombardeamento de hipóteses, ao menos nos restaurantes reformulem a pergunta independentemente de estarmos ou não acompanhados: “ Então, já escolheram?”. Sempre tira um pouco da responsabilidade da escolha e ganha-se tempo até se dar o veredicto final.
- Trinaranjus, mas maracujá, por favor.