terça-feira, fevereiro 03, 2004

Legally Brunette


Há dias em que acordamos e deveria ser-nos decretada permanência obrigatória em casa com licença para ir ao frigorífico e à despensa sempre que assim o entendêssemos (sim, ao w.c. também!). Não poderíamos sair de casa, custasse o que custasse, telefonasse quem telefonasse. Era o que me devia ter acontecido no dia em que decidi ir ao cabeleireiro mudar de visual. Esta simples tarefa tornou-se numa odisseia, que só terá o seu fim na minha próxima geração capilar. Porque é que quis mudar, porque é que mudaram, porque é que tenho o cabelo encaracolado, porque é que nunca gosto, porque é que sou menina e vaidosa, porque é que tenho o cabelo CURTO? Primeiro foi o corte, depois seguiu-se a cor. Quando de lá sai nem reparei. Estava esticado e era de noite. "AHHHHHHHHHHHH!" - sou eu sábado de manhã. Lavei 9 vezes a cabeça para que a tinta laranja ferrugem estilo Tom Sawyer saísse. Resultado: 2ª-feira fui trabalhar de manhã com vontade de levar um gorro na cabeça. De tarde, lá estava eu no cabeleireiro em marcação SOS. Tinha de deixar de ser ruiva, não conseguia pensar (que me desculpem as ruivas, mas em mim teve esse efeito). Foi pior a emenda que o soneto. O cabelo levou uma "tesourada" valente (snif) e umas pinceladas, desta feita de castanho escuro com umas madeixas. Qual não foi o meu espanto quando vi que umas labaredas brotavam de minha cabeça. Ao invés do matutino "AHHHHHHHHHHHH!" de sábado, ia caindo para o lado. Assumi (embora não muito convencida) as minhas madeixas cor de lava em efervescência e lá fui eu trabalhar. "Ó Índia", "Estavas melhor ontem, para que é que foste mexer?", 'Tás, 'tás ... diferente", "Isso cresce", "A cor deve abrir, não te preocupes", foram alguns dos piropos de hoje. À hora de almoço lá estava eu no hospital dos cabelos. Marquei nova consulta para depois da labuta. A minha vida desde sexta é casa-trabalho-cabeleireiro, e acreditem que não é fácil.
Finalmente, sou morena outra vez. Não há nada como voltar às "raízes"!